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Domingo 21 de Março de 2010 20h36

Nesta Edição Por David Leite

> O silêncio por vezes é salutar

> A praga dos ratos de rádio

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O silêncio por vezes é salutar

Fiz-me silencioso. Os dedos coçaram. Muito, aliás! Após um recesso de cerca de 50 dias, estou de volta. Descansado – e, portanto, preparado para mais um bom papo com o caríssimo publico leitor. Peço desculpas por nada ter dito (ou mesmo agora comentar) sobre meu “exílio”. Motivos outros, profundamente pessoais... Vamos aos escritos! Uma semana produtiva para todos.

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A praga dos ratos de rádio

O rádio sergipano – o matutino, “jornalístico” – está contaminado. A credibilidade dos programas supostamente informativos foi carcomida ao longo das últimas duas décadas pela presença imoral dos murídeos radiofônicos. Comprometeu-se, sobretudo, a qualidade da audiência – e, obviamente, o quantitativo de ouvintes ligados.

Em outubro do ano passado, a deputada Ana Lúcia Menezes denunciou a promíscua relação entre o governo Marcelo Déda e os ratos de rádio*. Na FM Liberdade e posteriormente na AM Cultura, para defender o papel do sindicato dos professores, a petista bateu boca com dois conhecidos ratos de rádio, a quem acusou de receber “dinheiro do meu governo para atacar o Sintese”.

Pelos meios possíveis, inclusive negativas peremptórias do secretário de Comunicação Carlos Cauê, o governo garantiu desconhecer (ou nutrir com gordas mesadas) os opinadores profissionais. Muita gente inocente, alguns aboletados na imprensa, creu no anunciado e o dito encerrou a querela.

No início do mês, o repórter Douglas Magalhães denunciou a contratação de 50 pessoas para trabalhar como ratos de rádio. A seleção teria sido criteriosa. Além de entrevistas, os candidatos passaram por simulações para medir o desempenho. Segundo apurou o jornalista, cada rato recebe R$ 4 mil/mês. Uma famosa ratazana seria o chefe da turma, sob a supervisão de um radialista.

A denúncia não passou em branco. Na mesma semana, o colunista do Jornal da Cidade Ivan Valença referendou Douglas Magalhães, afirmando: “Ratos de rádio estão de volta. Na verdade, nunca foram embora. Mas agora se prepara um ataque feroz para tirar o predomínio dos ratos da oposição”.

Opa! Ratos da oposição? Então, os ratos da denúncia de Douglas trabalhariam para o governo? A resposta está estampada na manchete deste domingo do próprio Jornal da Cidade: “Rádio vira ‘ringue’ Eleitoral”. Reportagem de Antônio Carlos Garcia acusa a “maioria dos programas matutinos de transformar informação em palanque eletrônico”.

A motivação para tanto chilique talvez esteja na abusada intervenção do murídeo-chefe Alberto Jorge, na sexta-feira (FM Liberdade). George Magalhães ouviu do inconformado rato de rádio chorosas lamúrias pelos comentários de Ivan Valença e, sobretudo, pelo humor debochado de Douglas Magalhães.

A ratazana-mãe não perdoou: “O escriba desdentado usa perfume para esconder a falta do banho diário. Deveria ocupar-se de cuidar da dentição, ao invés de comentar sobre rato de rádio, dando crédito ao jornalista cachaceiro”.

Pelo nível do “debate”, explica-se a razão pela qual o rádio sergipano nos últimos anos perdeu em qualidade (e na quantidade) da audiência...

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(*) Veja comentário sobre as denúncias da deputada em http://abraoolho-dmilk.blogspot.com/2009_10_11_archive.html)

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