Domingo, 06 de Setembro de 2009 – 18h55
Racismo ou Apenas Vício Exacerbado?
Murmúrios de “esconjuro” de meia em meia hora, reforçados com o sinal da cruz a cortar a face nos quatro ângulos. Batidas na madeira várias vezes ao dia. Rezas de joelhos sob milho pisado. Macumba, feitiços... O adulatório oficial aboletado na imprensa de Sergipe, bancado com dinheiro público para manter sempre lustrada a imagem de Marcelo Déda, está apreensivo.
Não ocorre ao acaso a enxurrada de ataques contra João Alves Filho, especialmente através do Jornal do Dia, Diário Oficial do governo Marcelo Déda. A razão para tanto alvoroço vem do resultado da última pesquisa de opinião pública, realizada e publicada pelo Cinform (31/08), a confirmar a tendência de polarização entre o governador das mudanças para pior e o ex-mandatário.
Afinal, essa turma do barulho já percebeu: a eleição de 2010 não será “aquele passeio”, conforme se imaginava.
A avassaladora máquina de guerrilha montada pela Secretaria de Comunicação para minar os anseios políticos de João Alves Filho até tentou abafar. Mas os programas “jornalísticos” do rádio matutino não puderam ser plenamente contidos. Acabou nos ouvidos do povo o fato de Marcelo Déda ter usado o termo “neguinho” para menosprezar o adversário.
Na sexta-feira 28/08, o governador tentou se defender da grave acusação de racismo feita por Democratas: “A expressão ‘Negão’ é usada pelo próprio ex-governador como um nome promocional de campanha. Tenho raízes negras (...) Certas práticas que assentam em outros, não assentam comigo”. A declaração buscava encerrar o “caso”. Ouça a negativa do governador (clique > abaixo).
Dado a inebriar-se com doses cavalares de vaidade antes de subir aos palanques, Marcelo Déda simplesmente “esqueceu”, numa espécie de amnésia seletiva, do discurso pronunciado em Glória (14/05), na inauguração do recapeamento asfáltico da rodovia entre Itabaiana e Canindé, apelidada por ele de “Rota do Sertão”. Ouça o momento no qual o governador faz referência a João Alves Filho e seus três mandatos de governador com o termo “neguinho” (clique > abaixo).
“Neguinho” pode ter várias conotações, quase todas sempre muito carinhosas. É geralmente usado no trato entre amigos e familiares, não importa se brancos, amarelos ou negros. Porém, como empregado por Marcelo Déda em seu discurso, cujo personagem-alvo era o Negão, torna-se depreciativo, porquanto busca diminuir o adversário.
Não enxergo na “definição” feita pelo governador traços de racismo. É apenas uma overdose de cinismo, reação típica a afligir viciados em vaidade pura, como Marcelo Déda. Com a “droga” a lhe percorrer as veias, o governador quase sempre está num “estado alterado de consciência”. O real adentra o surreal! Se “crime” houve, foi o da mentira descarada, agora desmascarada.
Ao faltar com a verdade, quando deveria somente lamentar-se por uma bobagem dita em palanque, Marcelo Déda apenas reafirma sua crença de que Sergipe seja repleto de idiotas, todos crédulos contumazes dos seus encantamentos poéticos. O que ele diz está dito...
Apesar de ter tido acesso à gravação acima publicada, a imprensa de Sergipe simplesmente ignorou o fato por razão peremptória: garantir o sustento mínimo, porquanto, sem as verbas do governo estadual (e da Prefeitura de Aracaju) muitas empresas de comunicação deixariam de existir –que o diga o Jornal do Dia.
O secretário Carlos Cauê já deixou claro. Quem não encampar o seu projeto de “comunicação política” será encaminhado sem lamúrias ao cadafalso. Alguém arrisca?
Por outro lado, a camarilha aboletada na imprensa, especialmente os jornalistas disfarçados de “analistas políticos”, nada podia comentar. Estavam todos ocupados com a execução da “Operação Neguinho”, cujo objetivo é acuar o adversário e provocar reações adversas no eleitorado, cada vez mais balançado. Alea jacta east...
4 comentários:
Tendo como base a qualidade (??) do seu texto e a relação dos blogs linkados, percebe-se que é mais um da corja do PIG.
Um link para animar o seu feriado:
http://www.youtube.com/watch?v=NiCRjvVIIHY
Quanta bobagem!!!!!!
Sinto muito, David, mas não houve racismo algum no discurso. O uso do termo "neguinho" para citar indivíduos sem dar nome aos "bois" é bem conhecido e usado em todo o estado de Sergipe há séculos. Até concordo em sua origem racista, mas é isso que dá a entender no discurso de Déda. A "ratada" do governador mesmo foi abusar de uma forçosa linguagem coloquial - aí, sim, um ponto forte para criticá-lo.
"Sinto muito, David, mas não houve racismo algum no discurso" (2)
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