Domingo, 16 de Agosto de 2009 - 03h10

Ao Mestre Célio Nunes

Sergipe perdeu um filho ético e honrado. Conheci Célio Nunes quando eu era estudante secundarista sentado numa roda de grandes comunistas, dentre os quais Gervásio Santos (Careca), Agonalto Pacheco e Jackson de Figueiredo.

As conversas me magnetizavam, pois transcendiam a política partidária e soavam como aulas imperdíveis de filosofia, sociologia... vida!

À época, a ditadura militar definhava. Mas aquele grupo tinha histórias reais, de arrepiar os cabelos, sobre confrontos inimagináveis com o regime militar –cadeia com direito a “tratamento especial” fora apenas uma parte dos sofrimentos vividos.

Reencontrei Célio Nunes diretor-geral do Jornal da Manhã no início da década de noventa. Lá estava ele entusiasmado, cheio de projetos em busca de reformular o sabujo diário. Ele queria um jornal sem manhas, pronto a zelar pela verdade, pela notícia.

Nasciam com ele, ao lado de Ronaldo Moreira, os primeiros passos para o que viria depois a tornar-se o Correio de Sergipe -convenhamos, apesar dos esforços deles e de outros tantos e não por suas responsabilidades, pariu-se um jornal sem eira nem beira...

Célio Nunes era um tipo raro: elegante no trato, respeitoso no aconselhamento aos subordinados, paciente ao transmitir seu vasto conhecimento aos neófitos. Um escriba de grande estirpe: texto impecável, conciso, sempre iluminadamente narrativo, com o toque do cronista e do humanista que nele residiam.

Célio Nunes representava uma espécie quase em extinção. Passou por um punhado de redações na Bahia e em Sergipe sem qualquer mácula a lhe chafurdar a biografia. Era um cara probo, cujo decoro profissional deveria servir de exemplo a muitos.

O Mestre tinha parâmetros rígidos sobre o caráter do seu ofício. Sua ideologia era o bem-informar. Jamais alugou a pena para proteger governos falidos ou serviu como “jagunço” contra os desafetos do poder de plantão.

Mestre Célio Nunes, sua saída de cena deixa uma lacuna irreparável na crônica e no jornalismo de Sergipe. Seu manejo pacato e seu sorriso de canto de boca jamais serão esquecidos. Seus contos curtos, cheios de viço, personalidade e humor sagaz vão fazer muita falta no cotidiano dos navegantes do Portal Infonet.

Continue sua jornada celestial como sempre você foi: um homem ilibado, honesto, trabalhador, amigo, solidário... Um jornalista que nos honrou e honra muito. Muito!

3 comentários:

Anônimo disse...

Pois é ...

Anônimo disse...

Lembro-me bem dessa turma bem como JONALDO SANTIAGO.

Célio e Jonaldo os mestres do jornalismo de sergipe

Anônimo disse...

Lembro-me bem dessa turma bem como JONALDO SANTIAGO.

Célio e Jonaldo os mestres do jornalismo de sergipe