Terça-feira, 03/06/2008 – Ano II – Edição 270
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O Banese Que Se Cuide
O apetite voraz do Banco do Brasil para aquisições deve atingir em breve o pequeno Banco do Estado de Sergipe. Com a compra de instituições menores – já foram engolidos o BRB (Brasília) e Nossa Caixa (São Paulo) –, o BB reúne forças para bater de frente com os concorrentes privados. As investidas são sempre agressivas. Para detonar o Banese, o BB já devorou a folha de pagamento dos servidores de algumas prefeituras sergipanas administradas pelo banco. Os prefeitos não perceberam a jogada do BB para enfraquecer o Banese e transforma-lo num banquete. Caíram como patinhos! O Banese teve importância estratégica no fomento econômico de Sergipe até 2006. Só o Banco do Povo investiu R$ 24 milhões em pequenos empreendimentos. Como resultado, 17.242 postos de trabalho foram abertos, beneficiando majoritariamente mulheres chefes de família (68,5%), especialmente no setor do comércio (79,59%). O governo das mudanças para pior asfixiou o Banco do Povo, considerado pelo Banco Central “o melhor exemplo de execução de microcrédito”. O relatório da conceituada agência internacional de avaliação de risco Austin Rating, publicado em 05/01/2007, destacou a “elevada solidez do Banese, tanto no âmbito financeiro como corporativo-institucional, com efeitos positivos no crescimento e sustentabilidade do banco”. Noutra publicação (VOCÊ S.A. de maio de 2007), o Banese é apontado na primeira posição entre os 20 bancos de pequeno e médio porte com “melhor rentabilidade operacional” no mercado brasileiro. Diz a revista: “O índice preço/lucro para os papéis do Banese tem retorno em quatro anos, contra os habituais 12 anos. A média do setor. O Banese ostenta um retorno sobre o patrimônio de 50%, bastante superior aos 27% da média do mercado”. O governo do PT é o principal responsável pela recente vitória do BB sobre o Banese. Muitas mentiras foram ditas para emporcalhar a imagem do governo passado com a pecha de incompetente – para dizer o mínimo. Ninguém no governo das mudanças para pior tem moral para criticar os prefeitos vendedores de folha, pois deixou sob suspense a real saúde financeira da instituição. As ameaças de retirar apoio aos eventos de prefeituras desertoras não têm outra função senão iludir a população com uma reação tardia. Sabendo das investidas do BB desde o primeiro dia do mandato, o governo do PT deveria ter se precavido para preservar a liquidez do banco. Detratou e agora faz ameaça, ao invés de ter trabalhado a imagem positiva e o convencimento. Na oposição, o PT creditava ao ex-governo o desejo de privatizar o Banese – falava-se até de negociações secretas com o Bradesco. Todos sabem da ligação umbilical do governador Marcelo Déda com o compadre-presidente Lula da Silva. Noutras situações, o governador já afiançou seu intento de jamais contrariar aquele a quem deve parte substancial do sucesso político. O Banese que se cuide! .
Para Bom Entendedor...
Com o “amém” da imprensa paraestatal, regiamente nutrida pelas verbas da Secretaria Estadual de Comunicação, o governo do PT mandou a credibilidade do Banese às favas. Dizia-se com alarde que o banco passou perto de fechar as portas no governo de João Alves Filho. Agora imagine: se a situação do Banese era tão precária, por que a oposição da época, personificada pelo então prefeito Marcelo Déda e pelo deputado federal Jackson Barreto, aliados do governo Lula da Silva, não pediu a intervenção do Banco Central por gestão fraudulenta? Na mesma linha de raciocínio, tendo em conta o tratamento VIP dispensado ao ex-governador pelo governo federal, por que manter um banco à beira de um ataque de nervos nas mãos de um perigoso adversário? O governo do PT diz ter recebido o Banese na UTI, mas anuncia lucro de R$ 28,4 milhões em 2007 “depois dos remédios aplicados”. Rápido e fácil. Já a mesmíssima imprensa paraestatal ignora as perseguições contra servidores de carreira da instituição. As “bondades” do governo das mudanças para pior vão da redução salarial ao corte de inúmeros outros benefícios já incorporados. Torna-se claríssima a fonte do tal “lucro real”.
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Eles Merecem
O crédito serve para boa parte. Na verdade, para a maioria dos servidores do Banese. Gente cuja vida sofreu mudança, mas não a prometida nos palanques pelo então candidato Marcelo Déda. Quem acreditou...

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