Quinta-feira, 12/06/2008 – Ano II – Edição 274
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O Rubor de Tânia Soares
Faz quase um mês, a deputada Tânia Soares ficou escandalizada quando adversários do governador Marcelo Déda foram indiciados pelo STF por conta da operação “Navalha”. A comunista se disse “envergonhada, assim como os sergipanos que residem em outras partes do Brasil”. Tânia Soares tem agora mais 237 motivos para ruborizar-se. A partir de 2005, fiscais da CGU estiveram em nove das 100 maiores cidades do país para checar a lisura e eficiência de projetos financiados com verbas federais. Encontrou 652 indícios de irregularidades (licitações forjadas, programas com beneficiários fantasmas, desperdício de equipamentos, sumiço de bens e superfaturamento). Aracaju lidera o ranking. Para vergonha não apenas de Tânia Soares, a CGU aponta 237 “atos de ilicitude” em convênios cuja soma chega a R$ 171 milhões, conforme informou a Folha de S. Paulo (09/06). O relatório da Controladoria foi concluído em dezembro de 2006. Contudo, os problemas perduram. Entre as muitas peripécias flagradas pela CGU há um posto de saúde fantasma no valor de R$ 426 mil. Deveria funcionar no bairro Getúlio Vargas desde a gestão de Marcelo Déda. Para fazer a obra, o então prefeito quis usar uma empresa previamente desclassificada pela comissão de licitação por apresentar preço “inviável”. Detectada a irregularidade, ele prometeu cancelar a licitação. Ainda na gestão de Marcelo Déda, a PMA pagou indevidamente R$ 3,6 mil pela limpeza e infra-estrutura de um terreno antes de comprá-lo. Um ano e meio após a inspeção da CGU, a nesga ainda não foi adquirida. Em março de 2006, foram gastos R$ 36 mil em equipamentos para obras no Bairro Jabotiana. Nada existe por lá. O caso do Hospital Santa Isabel é surreal. O centro cirúrgico e as novas instalações da maternidade deveriam funcionar desde o segundo ano do primeiro mandato de Marcelo Déda na PMA. Seis anos depois, o nosocômio ainda está em obras e busca mais dinheiro para finalizá-las. Num posto de saúde do Bairro Porto Dantas, a gestão de Marcelo Déda colocou a farmácia numa sala com ar-condicionado, toda arrumadinha. Mas a clínica-geral do posto, Jane Marinho de Passos, diz que falta até analgésico Dipirona injetável. A administração de João Alves Filho não poderia escapar dos fiscais da CUG. Parte dos equipamentos destinados à instalação de central de alarme e rede de iluminação de emergência no Colégio Atheneu Sergipense nunca foi usada e outra parte simplesmente desapareceu. Prejuízo: R$ 8,5 mil. A deputada Tânia Soares pode agora voltar à tribuna da Assembléia para mais uma vez mostrar-se vermelhamente ruborizada. Motivos ela tem de sobra. Aliás, 237 bons motivos. Resta saber se terá coragem de se envergonhar publicamente por peripécias cometidas na gestão do companheiro Marcelo Déda, como fez despudoradamente com os adversários.
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Edvaldo Nogueira Tira o Braço da Seringa Marcelo Déda Está Dodói
À Folha de S. Paulo, o prefeito-candidato negou qualquer irregularidade nos contratos questionados pela CGU. Edvaldo Nogueira atribui os problemas ou a questões burocráticas e pendências jurídicas ou a gestões anteriores. Exatamente: a culpa é de Marcelo Déda, João Augusto Gama... Interessante foi a desculpa de Marcelo Déda para escapar da Folha de S. Paulo. Mandou dizer que está doente e não poderia falar – engessou as duas mãos, queimou a língua ou pegou a malvada dengue? Já o arguto deputado-secretário de Saúde Rogério Carvalho, responsável pelos contratos suspeitos, foi mais ligeiro. Disse que suas explicações foram dadas à CGU em 2006. O rapaz danado nada teria a acrescentar. O ex-governador João Alves Filho não foi localizado. A chefa da Procuradoria da República em Sergipe, Eunice Dantas Carvalho, afirmou que vai analisar a papelada para definir se cabem ações cíveis e criminais. É esperar para ver se esse bonde vai mesmo andar...

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