Quarta-feira, 27.02.2008 - Ano II - Edição Número 231

MARCELO DÉDA FICA OU SAI?
Assessores do prefeito-candidato Edvaldo Nogueira comentam com satisfação sobre a possibilidade de afastamento de Marcelo Déda do cargo de governador por dois, quem sabe até três meses, para coordenador pessoalmente a campanha de Foguinho à reeleição. Ontem, esta publicação dizia o seguinte sobre como está a administração estadual, ao comentar a situação de penúria da Segurança Pública: “É por essas e outras que o governador Marcelo Déda deveria dar um tempo nas tarefas políticas e se dedicar de verdade à gestão da máquina. Entregue ao bel-prazer de secretários como Kércio Pinto, o governo comandado pelo PT vai de mal a pior. Apenas na propaganda a coisa anda bem... Fora dela, reina o caos, a esperteza desmedida e a embromação descarada!”. Na verdade, quem conhece Marcelo Déda de perto sabe de sua ojeriza à labuta executiva, motivo pelo qual delega a assessores de confiança tarefas para ele consideradas hercúleas, como planejar, discutir, arregimentar e, acima de tudo, cobrar resultados. Tão logo assumiu, o governador da mudança se empenhou em desfazer a imagem da gestão anterior, tratando tudo o que foi feito com discursos ácidos, nos quais não faltavam acusações de toda ordem. Também esteve dedicado a projetar-se nacionalmente, aproveitando a brecha que tem na grande imprensa, quem sabe para angariar a simpatia de pretensos candidatos a presidente - sim, o governador de Sergipe sonha compor uma chapa à sucessão do Grande Molusco como candidato a vice-presidente. Não sobrou tempo para materializar as promessas feitas nos palanques durante a espetacular campanha! Na sexta-feira passada, por ocasião da posse dos novos dirigentes do PT, Marcelo Déda se auto-proclamou coordenador da campanha do comunista-prefeito de Aracaju. Era de se esperar, portanto, que viesse a se dedicar em tempo integral ao pleito. O príncipe petista sofre calafrios horríveis só de imaginar a chegada de um oposicionista à prefeitura, comenta uma fonte bem próxima dele. Especialmente alguém disposto a esmiuçar cada centímetro quadrado das duas administrações que fez. Por que será? Uma devassa de tal monta poderia revelar alguma mazela ainda entocada, talvez podendo comprometer planos futuros? Ninguém sabe... Diante de tais fatos, caso Marcelo Déda se afaste mesmo do cargo pelo tempo que desejar e venha de fato se engajar de corpo e alma na campanha, bom mesmo será para Foguinho. Pois, pelo andar da carruagem, a saída dele em nada alterará a rotina comezinha do governo do PT. Se até agora, 15 meses depois da posse, as propaladas mudanças aparecem apenas nos anúncios dos jornais, rádios e TVs, com a devida proteção dos Céus, pior não haverá de ficar! E mais: derrotar Edvaldo Nogueira sozinho ou tendo como penduricalhos Jackson Barreto, João Augusto Gama, Antônio Carlos Valadares... teria um sabor menor para o vencedor. Uma coisa é destronar um sujeito sem cabedal eleitoral como Foguinho e seus correligionários com parca ou nenhuma expressão política. Outra é tirar o docinho da boca do próprio Marcelo Déda, num terreno onde ele ciscou impávido por duas eleições, derrotando fragorosamente os adversários ainda no primeiro turno e garantindo a hegemonia política que hoje detém em todo o estado. Parte respeitável da oposição aposta na histórica resistência do eleitorado da Capital à concentração de poder para alcançar a vitória. Somente uma única vez nos últimos 23 anos elegeu-se um prefeito alinhado com o governador. Naquele longínquo 1984, Jackson Barreto recebeu de mão beijada a prefeitura de Aracaju, surfando na imensa popularidade de João Alves Filho no primeiro mandato. De lá para cá, a festa governista acabou. Seria Marcelo Déda o primeiro mandatário a quebra tal paradigma, dando um drible a la Garrincha nos adversários e consolidando de vez a centralização de toda a política do estado apenas num único grupo, após quase 30 anos de luta? A dúvida persiste. Dizia o ex-governador mineiro Magalhães Pinto: "Política é como nuvem, a todo instante muda de lugar". E eleição, não esqueça, é sempre uma caixinha de surpresas...

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