:::Segunda-feira, 03.12.2007 - Edição Número 201:::

:::HUGO CHÁVEZ, LULA DA SILVA
E O TERCEIRO MANDATO
Representado pela ascensão ao poder de aprendizes de ditadores, o viés autoritário da esquerda latino americana é cada vez mais nítido na forma como lida com o poder e especialmente na questão da alternância do mando político. Portanto, soa bastante eloqüente o enorme e suspeitíssimo interesse do presidente Lula da Silva pela metodologia usada na Venezuela para dar revestimento constitucional à ditadura. As constantes defesas do líder brasileiro e correligionários ao regime de Hugo Chávez agridem sobremaneira o receituário democrático em voga nas nações social e economicamente mais avançadas. Também neste quesito, e graças ao voluntarioso governo do PT, o Brasil ainda é um país do milênio passado. No indigente entender de Lula da Silva, os referendos usados na Venezuela para reformar a Constituição e dar sabor “democrático” ao regime oportunista de Hugo Chávez refletiriam “a vontade do povo” daquele país. É lamentável a cegueira política e a dislexia mental do Grande Molusco leva-lo a “confundir” democracia com realização de eleições e plebiscitos, excluindo do conceito valores superiores sem os quais ele não existe, como respeito às leis em vigor, independência dos poderes, liberdade de expressão, tolerância com as vozes discordantes, convivência respeitosa com autoridades e países. O Brasil merecia uma melhor representação... Ainda sob a ótica dos tais referendos, o criador do PT peca ao “esquecer” uma das características das últimas consultas na Venezuela. A alta abstenção. Na que aprovou a atual Carta Magna (15.12.1999), deixaram de comparecer 55,62% dos eleitores, índice inferior aos 62,35% registrados quanto à convocação de uma Assembléia Constituinte, em abril do mesmo ano. A maior abstenção (76,50%) ocorreu no referendo sobre a renovação da direção da central operária CTV (Confederação de Trabalhadores da Venezuela), em dezembro de 2000. Aparentemente, o povo venezuelano não parece estar assim tamanhamente inclinado a opinar sobre os destinos do País, como poderia imaginar Lula da Silva. Por que será? A oposição tem rejeitado as reformas de Hugo Chávez por considerá-las inconstitucional e ilegal. Grupos de empresários e comerciantes, jornalistas, advogados e o episcopado também rejeitam as mudanças porque elas outorgam poderes imperiais ao ditador e possibilitam eterniza-lo no poder. Talvez sejam estas boas razões para o povo da Venezuela desconfiar da boa fé do querido amigo e companheiro do presidente Lula da Silva e ignorar eleições e referendos.
. Terceiro mandato – Para (momentânea) tranqüilidade de parcela significativa da Nação brasileira, ontem a FOLHA DE S. PAULO publicou pesquisa do Datafolha onde ampla maioria rejeita mudar a lei para Lula da Silva concorrer em 2010. Somente em Pernambuco, Estado natal do Grande Molusco, 51% concordariam em dar a ele o direito de permanecer por mais quatro anos. Realizada entre os dias 26 e 29 de novembro, a pesquisa mostra 65% dos brasileiros dizendo “não” a um terceiro mandato consecutivo. Foram entrevistadas 11.741 pessoas, em 390 municípios de 25 Estados. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Como se quisesse dizer “calma” aos políticos, a maioria do povo também não acolhe a proposta de um terceiro mandato nem quando o questionamento é genérico (sem citar Lula). Para 63%, presidentes não devem ter direito a re-releição! O porcentual sobe para 66% quando se trata de governadores e vai a 67% no caso dos prefeitos. Ocorre que o Partido dos Trabalhadores se aperreia todo quando imagina um retorno ao macacão das fábricas. Ou seja, ao batente! Sem candidato para concorrer com os tucanos Aécio Neves e José Serra, urde silenciosamente com unhas e dentes para manter Lula da Silva onde está. O Grande Molusco nega querer disputar. Ontem mesmo, depois de saber da pesquisa da FSP, disse ser ele o primeiro a criticar a possibilidade de criar um terceiro mandato: “O número de contrários seria maior se eu tivesse sido ouvido!”. A direção do PT também nega a intenção de mudar a Constituição com esse fim. Como é praxe dos petistas dizer uma coisa e fazer exatamente o contrário, evitar um terceiro mandato passou a ser a prioridade de uma parcela dos congressistas e governadores e de seguimentos representativos da sociedade civil. Agora, tendo o respaldo de pelo menos 65% dos brasileiros (conforme o Datafolha), que não querem ver o País transformado numa Venezuela.
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