E.Zine 29/08 N138

HAJA PACIÊNCIA Prossegue a polêmica sobre o genocídio ocorrido nos últimos meses na Maternidade Hildete Falcão. A TV SERGIPE divulgou números atualizados: 16 óbitos em junho, 23 em julho e até ontem à noite, 24 crianças mortas em agosto. Total de vidas perdidas nos últimos 90 dias: 63. Não se sabe ao certo quantos bebês morreram desde janeiro. O número real está sendo guardado a sete chaves. Dados não oficiais apontam para mais de uma centena. A precariedade da Hildete Falcão é amplamente conhecida. Contudo, o aparelhamento da maternidade por vermelhos sem qualificação técnica contribui para piorar o quadro. A desgraça começa na diretoria administrativa. Lá foi alojada a administradora de imóveis Gilvânia Oliveira. Sem especialização em gestão hospitalar, a moça é motivo de piadas do corpo de saúde. Faz quase um mês, foi solicitada pela chefia de enfermagem a compra de um filtro para RN. Prontamente, Gilvânia Oliveira mandou o motorista dela ao Mercado Central trazer o melhor filtro que encontrasse. Meia hora depois chegava à UTI da Hildete Falcão um vistoso filtro de barro, com três portentosas velas de carvão ativado. Parece gozação, mas o filtro em questão era na verdade um acessório importantíssimo, usado para purificar e umidificar o oxigênio das incubadoras, aparelho cuja temperatura é controlável e se destina aos bebês prematuros ou muito fracos. A Cara do PT - Uma pista para entender as mortes de tantas crianças no curto espaço de 90 dias talvez esteja na proliferação de roedores, baratas e insetos na Hildete Falcão. Conforme apurado por este ABRA-O-OLHO, a presença de agentes tão nocivos à saúde num ambiente hospitalar e de tamanha complexidade decorreu de um fato inusitado. Para economizar, mandaram os serventes por mais água no detergente! Funcionários da empresa Transur, contratada sem licitação por R$ 2.013.600,00 (04/2007 a 12/2007) para higienizar a maternidade, receberam dos chefes a sinistra ordem de aumentar o volume de água quando fossem diluir os concentrados usados na esterilização de ambientes. Certamente nenhum deles irá confirmar a denúncia. Mas, qual foi mesmo a primeira providência tomada pela direção da maternidade depois da matéria do JORNAL HOJE (TV SERGIPE 27.08)? Interditar todas as instalações e fazer uma gigantesca limpeza. Por que não a fizeram antes, de modo correto e com os produtos adequados? Por que somente depois da chegada da Transur os bebês passaram a morrer como moscas? Por que fazer um contrato emergencial se até abril havia contratos regulares, realizados de acordo com a lei de licitações pelo ex-governo? A quem, de fato, pertence a Transur? As respostas podem estar numa única palavra do deputado-secretário estadual de Saúde Rogério Carvalho dita ontem em entrevista a TV SERGIPE. Ele se disse "ansioso" para ver funcionando a nova maternidade para partos de alto risco de Aracaju, inaugurada em dezembro passado e dotada de equipamentos de última geração. Para quem se mostra tão ansioso, esperar pelo tempo de quase uma gestação (normal) para abrir uma casa de saúde essencial é sinal seu doutor de muita, muita paciência...

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