E.Zine 31/07 N117

MEDALHAS E MEDALHÕES Alguns medalhões e também medalhinhas da imprensa sergipana não dormiram bem na noite da quinta para sexta-feira graças ao questionamento aqui feito quanto aos méritos para ter sido o agora comendador Seixas Dória (PROMESSA E MEDALHA, 27/07), laureado com a medalha da Ordem do Mérito Nacional. Trata-se da mais alta comenda da República Brasileira. Foi concedida a personalidades como o maestro Heitor Villa-Lobos, o escritor Manuel Bandeira, o urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer. A explosiva combinação esquerdista+cadeia parece promover em certos corações moles o sôfrego impulso à idolatria. Mitos e mártires são assim construídos, baseados na opinião corrente. Os discordantes devem ser tratados como imbecis. Seixas Dória é um desses mitos. Um mártir a ser louvado, pois merece a maior comenda brasileira "não por qualquer obra. Bastou o caráter e a honradez, que falta a tanta gente". Seria providencial se o Planalto Central cunhasse alguns milhões de medalhas da Ordem do Mérito Nacional. Pelo critério do caráter e da honradez muitos outros brasileiros e sergipanos tão dignos quanto a mereceriam. A fila é imensa! Seixas Dória deu sim contribuição à luta contra os milicos golpistas de 1964. Mas como ele mesmo argumentou ao jornalista Osvaldo Peralva (Folha de São Paulo, 22/07/1987), até podia cair na tentação de assinar o manifesto em apoio ao golpe. Porém, tendo mulher, filhos e amigos "como é que iria olhá-los nos olhos depois disso?". Noutras palavras: não tinha alternativa! Optou pela saída menos vexatória aos olhos dos eleitores. Junto com ele, apenas dois outros governadores tomaram decisão idêntica, porquanto também sem opção: Leonel Brizola, cunhado do presidente deposto, e Miguel Arraes, coronel das esquerdas do Nordeste. O primeiro fugiu, que não era besta. Dória e Arraes desceram ao xilindró na paradisíaca Fernando de Noronha. Quisesse mesmo Sua Inocência, o Compadre-Salvador da Pátria homenagear Sergipe através de um grande vulto, reconhecido pelo seu talento, obra e contribuição ao País e ao mundo, deveria fazê-lo (postumamente) através de Tobias Barreto. Mas, não! Optou por homenagear um político paroquial. Um governador sem opção ante um grupelho de golpistas. Um mártir construído como mito. Seixas Dória merece o carinho, o respeito e as homenagens da esquerda sergipana. Merece até ser lembrado pelo (pouco) que fez como governador. Pelos discursos inflamados quando era deputado. Pelos aconselhamentos feitos à Petrobrás, Petromisa e Nitrofértil. Pela propaganda de TV durante a campanha passada, elevando Sua Alteza Real aos píncaros da virtude e sabedoria. Pela amizade de longa data com o Grande Molusco e o apadrinhamento ao garboso monarca. No entanto, nada disso o qualifica a essa medalha! É lamentável que apenas por mérito político se ofereça a quem quer que seja tão grata honraria -a mais importante entre as comendas civis do Brasil. O glamour da Ordem do Mérito Nacional acabou, sim, ficando menor. Doa a quem doer... PROMETER É PODER Durante os quatro anos de mandato do ex-governo, Sua Inocência, o Compadre-Salvador da Pátria fez de conta que o estado simplesmente não existia. As perseguições foram tamanhas a ponto de Sergipe não receber verbas federais e ainda ser impedido de contrair empréstimos em organismos internacionais. A meta era barrar a reeleição do ex-mandatário. Fato consumado! Como num passe de mágica, aquela maldita certidão que forçava o ex-governo pagar contas e realizar obras apenas com recursos da arrecadação estadual finalmente apareceu. Os repasses de Brasília agora podem ser recebidos. Da mesma forma, com o papel na mão, o estado foi liberado para integrar o PAC-Derme, com quase meio milhão de reais sendo prometidos para habitação e saneamento -obras, aliás, previstas no Orçamento Geral da União há séculos. Os vermelhos devem achar que o povo é otário. Sufocaram o estado durante quatro anos. E como se tudo tivesse sido esquecido, aparecem com o baú de bondades! O baú, contudo, é mais enganador do que sugere sua bem talhada carcaça. Nele, embutida sorrateiramente entre as obras do PAC-Derme, está a transposição do Velho Chico. Como bem definiu o deputado Mendonça Prado, "O governo federal dá com uma mão e toma com a outra" (Correio de Sergipe, 29/07). Para o bem do estado, espera-se que não estejamos diante de mais promessas prometidas e não cumpridas pelo Grande Molusco. Está na hora de Sergipe retomar o rumo do desenvolvimento... Silêncio Esperto - Chega a ser vexatório o silêncio de Sua Alteza Real quanto ao início para valer das obras de transposição das águas do Velho Chico. Estudos apontam as graves conseqüências, caso o projeto siga conforme o planejado. Sergipe e Alagoas, por estarem na foz, podem simplesmente desaparecer do mapa. A dependência pelo abastecimento do Velho Chico comprometeria cerca de 250 localidades, incluindo Aracaju. Aproximadamente, dois milhões de sertanejos podem ser obrigados a migrar para outras cidades. Mesmo assim, o garboso príncipe prefere dizer amém a Sua Inocência, o Compadre-Salvador da Pátria. Também pudera, deve ao padrinho até os olhos da cara!

2 comentários:

Anônimo disse...

Seu texto é aquém de comentários.Falar que Arraes foi preso na paradisíaca ilha de Fernando de Noronha é uma infâmia.Gostaria que você tivesse a mesma experiencia e coragem do que ele durante apenas uma semana.

Meu Papagaio disse...

Seu texto beirou o ridículo, rapaz. Não voto nos assim chamados "vermelhos", mas falar dessa forma contra Seixas Dória, não. Suas colocações são absurdas. Não têm nenhum respaldo histórico e estão amparadas em um extremismo quase xiita. Parece coisa de criança birrenta. Tome cuidado, para não cair na vulgaridade.