E.Zine 04/06 N77

PALAVRAS AO VENTO Lá se vão mais de 150 dias sem nada de novo. Sergipe vive em estado de letargia. Sua Majestade prefere fazer e desfazer malas a dar conta de seus afazeres, especialmente no tocante às questões mais emergenciais. Um ponto em particular interessa hoje por conta do alto preço pago pela população: o novo hospital infantil, anexo ao Hospital João Alves. Todos assistiram a ladainha dos vermelhos para não receber a nova maternidade para partos de alto risco. Chegaram ao cúmulo de abandonar o prédio, esperar pelas chuvas e daí apresentar defeitos que, amiúde, poderiam ser resolvidos com a casa em funcionamento, sem prejuízo às atividades médicas. Prevaleceu, todavia, a pequenez da alma sebosa, não obstante o sofrimento da população mais pobre. Agora o mesmo ocorre com o Hospital Infantil José Machado de Souza. A unidade possui 50 leitos comuns, nove leitos de UTI e oito de Semi-intensiva, uma novidade no setor público estadual. Possui ainda salas de lazer para as crianças que ficam longo período internadas e necessitam da atenção de assistentes sociais e psicólogos, bem como do acompanhamento educacional para evitar prejuízo ao ano letivo. Outra grande novidade desse núcleo hospitalar é a área reservada às mães cujos filhos precisam passar por tratamentos prolongados. Dotada de toda infra-estrutura, permite permanecerem 24 horas ao lado dos filhos -a unidade é uma das primeiras no Brasil a usar esta moderna abordagem, pois permite à criança recuperar-se mais rapidamente. O prédio do novo hospital infantil ficou totalmente pronto e foi inaugurado pelo ex-governo em dezembro passado. Ficaram em caixa 100% dos recursos para a compra dos equipamentos, que por lamentável falha burocrática não teve a licitação finalizada em 2006. Passados mais de 150 dias, com o dinheiro disponível e a licitação já encaminhada, o novo governo ainda patina na decisão do que fazer com o prédio. Se pretende utilizá-lo como hospital pediátrico ou se vai usá-lo para outros fins. Independente da decisão, estamos falando de um unidade de saúde totalmente concluída e sem uso. Qualquer que seja este! Enquanto isso, dentro do HJA... A atitude é no mínimo de irresponsabilidade. Porém ninguém, nem a imprensa nem o Ministério Público, se pronuncia sobre o assunto. Eis aí, respeitável público, mais um eloqüente exemplo de como Sua Majestade aprecia as palavras ao vento... CHEGA PRA LÁ Alguém precisa urgente e contundentemente dizer ao ditador da Venezuela para calar a boca. A priori, essa alguém devia ser o compadre-salvador da Pátria, de quem se esperava dura declaração de repúdio a mais uma disenteria verbal de seu colega vermelho Hugo Chávez. O atraso mental da América Latina atacou o Legislativo brasileiro, um "papagaio do Congresso americano", segundo as palavras dele. Destilando sua incivilidade retórica inconfundível, o ditador disse ainda ser mais fácil o Brasil voltar ao domínio Português do que seu governo devolver a concessão do canal de TV aberto RCTV, aboletado do ar no domingo retrasado. O Brasil não poderia ficar calado diante de tamanho abuso e ingerência. Nosso Legislativo não é lá essa pérola rebuscada, lapidada estritamente pela moral e ética, mas é nosso! E como nação democrática, defensora do Estado de Direito e da liberdade de expressão, é nosso dever manifestar, como fizeram o Senado e a Câmara dos Deputados, nosso repúdio ao fechamento do canal de TV venezuelano. Se o ditador tem o apoio e a cumplicidade de um governo federal pendido às mesmas inclinações, especialmente no tocante ao controle das artes e à "regulamentação" da mídia e da imprensa, a Sociedade Civil brasileira já mostrou que aqui não se aceita o receituário ultrapassado, messiânico, tirânico e absolutamente desconectado da realidade no desenvolvimento sustentável, pregado pelo ditador venezuelano e acolhido pelos países mais pobres e atrasados do nosso continente. Está na hora de um "chega pra lá" nessa criatura dantesca de meia tigela, antes que fiquemos todos com a mesma cara dos hoje aturdidos venezuelanos. Parcela considerável daquele país a não concordar com a implantação do um regime onde todos precisem dizer amém ao seu salvador da Pátria! Aliás, desejo intrinsecamente nítido na alta cúpula da República nacional...

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