E.Zine 27/03 N37

GERALDO ALCKMIN FALA À FOLHA O ex-governador de S. Paulo e candidato do PSDB à Presidência da República Geraldo Alckmin falou ontem à Folha de S. Paulo na primeira longa entrevista depois da derrota para o compadre Salvador da Pátria. Pinçamos alguns pontos para refletir quanto ao governo federal, o País e a oposição de modo geral. Sobre o governo de Lula e o PAC-DERME (Plano de Aceleração do Crescimento): Vejo com preocupação o segundo mandato do presidente Lula porque ele não pode ser entendido como uma continuação do primeiro. O presidente tem legitimidade para fazer as mudanças. O PAC é um elenco de obras, algumas necessárias. É melhor do que nada, mas não é suficiente. Os entraves ao crescimento só serão eliminados com as reformas fiscal, tributária, trabalhista e política, a mãe de todas elas. A organização da base política pró-governo no Congresso: A quantidade de deputados que já mudaram de partido é inacreditável. Se as reformas não forem feitas neste ano, não vão mais sair do papel. Lula quer uma grande base para quê? Só para prorrogar a DRU (Desvinculação das Receitas Orçamentárias da União) e a CPMF? Papel da Oposição: Ela não é como foi a do PT, raivosa, do "quanto pior, melhor". Ela é mais madura. Mas, quando eu vi o Lula propor trégua de dois anos, dizendo que ia convidar líderes do PSDB para conversar, achei que ele não entendeu a lógica da democracia: quem ganha, governa, quem perde, fiscaliza, propõe alternativas, cobra. Ele quer o quê? Um partido único por dois anos? É, de novo, o perfil autoritário do governo. Sobre a campanha eleitoral: Em relação às privatizações, eu reagi contra a mentira de que eu ia privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal... Talvez, a nossa comunicação [na campanha] tenha falhado. Mas a mentira me revoltou. Procurando reagir, tivemos um resultado que não foi bom.

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