Quarta-feira, 26 de Agosto de 2009 – 16h15

O Que Tem a Ver o Respectivo Com as Calças?

A mais requentada discussão política dos últimos dias é quanto a quem chegou primeiro ao mundo, se o ovo ou a galinha. Importaria ao distinto público conhecer o “verdadeiro” autor da ação em tramitação no TSE, com a acusação de abuso da máquina pública e outros ilícitos, perpetrada contra o governador Marcelo Déda?

Sim! Importa, e muito. Pois sem um autor, ou mentor se preferirem, devidamente identificado, com peso político obviamente, a futura canonização de Marcelo Déda, condenado ou não na querela do TSE, ficaria sem a “agravante eleitoreira”, e daí não poderia ser usada com a mesma eficácia nos palanques.

Se a dita ação tivesse a autoria de Maria Candelária, a “puta velha cansada de guerra, mas que um dia foi uma formosura na flor nem sempre pura da idade”, conforme os vívidos versos de Armando Rafael*, não haveria qualquer mínimo reboliço. Seria apenas uma “mulher da vida” a conjurar fábulas. Mas...

Os fatos – Tudo começou com a cantilena de Marcelo Déda ao Cinform desta semana, na qual acusa João Alves Filho de ser “o sujeito oculto de um golpe que não terá o apoio do TSE”. Na mesma reportagem, o ex-governador negou qualquer envolvimento: “A cassação de Marcelo Déda não me interessa. Seja qual for a decisão, não quero assumir o governo. Eu quero ganhar do governador no voto”.

Ainda na segunda-feira, Marcelo Déda fez chegar ao Jornal do Dia “cópias de documentos com a comprovação da participação do ex-governador no processo”. Ontem pela manhã os tais “documentos” foram disponibilizados no e-Sergipe**, o blog da Secretaria Estadual de Comunicação.

De acordo com o texto de apresentação da papelada, “João Alves Filho pede para ingressar como assistente litisconsorcial na representação contra o governador. A assistência litisconsorcial é um meio legítimo de participação onde o assistente atua no processo por ter interesse em que a sentença lhe seja favorável, pois sua situação jurídica será diretamente atingida pelos efeitos da sentença proferida”.

Trocando em miúdos, conforme “explicou” o Diário Oficial do governo das mudanças para pior, o Jornal do Dia: “A petição obtida com exclusividade pelo Jornal do Dia joga por terra o discurso do ex-governador João Alves Filho de que não moveu ‘nenhuma palha sequer’ no processo que tramita no TSE pedindo a cassação do diploma do governador Marcelo Déda”.

O canto suave da “pobre vítima vilipendiada e atacada pela elite dominante, do sempre ético, do incorruptível e do divinamente honesto” estava então reabilitado. Mas...

A reação – Ontem à tarde a assessoria de João Alves Filho encaminhou à imprensa um comunicado de desmentido –pelo menos, um desmentido em parte. Diz a nota*** (resumo):

“O recurso na justiça eleitoral contra a expedição do diploma de Marcelo Deda e Belivaldo Chagas foi protocolado em dezembro de 2006 e tramitou até fevereiro de 2009 sob a responsabilidade do Partido dos Aposentados da Nação – PAN, sem qualquer interferência do Partido Democratas.

Somente em fevereiro de 2009 –ou seja, quase três anos após o início do processo referido– o Democratas se limitou a pedir o seu ingresso na condição de assistente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), atual autor da ação por ter sucedido o PAN. Tal decisão foi motivada pelo fato do PTB ter solicitado a extinção do feito, em 28 de janeiro de 2009, ocasião em que a Executiva Nacional do Democratas concluiu que essa desistência poderia fomentar grande injustiça.

Ocorre que a petição na qual requeri o ingresso no feito sequer foi apreciada, pois face à manifestação do Ministério Público Federal no dia 17 de agosto de 2009, emitindo o parecer de que ‘a desistência manifestada pelo recorrente não implicaria a extinção do feito sem resolução do mérito, tendo em vista a natureza eminentemente pública da matéria’, a denotar a gravidade das denúncias, solicitei já no dia 19 de agosto de 2009, antes mesmo da avaliação da referida petição, a sua desconsideração.”

(João Alves Filho)

Lá se foi para o brejo, de novo, o discurso-feito, a cantilena monótona e insossa do governador Marcelo Déda...

Mas afinal, o que tem a ver o respectivo com as calças? Diante da gravidade das denúncias (vide escritos anteriores, logo abaixo), não importa conhecer o verdadeiro autor por trás da ação nem sua motivação. O que realmente pesa é como o TSE vai se pronunciar, pois os flagrantes ilícitos ainda não foram esquecidos, como pretende o governador ao promover toda essa cortina de fumaça.

Já comentei a respeito antes e repito. O ideal para o processo político e democrático seria a disputa no voto a voto, com o governador enfrentando João Alves Filho em 2010. Todavia, no meio do caminho há um imenso pedregulho que não pode ser simplesmente ignorado.

Marcelo Déda tem uma forma, digamos, peculiar de usar a máquina na autopromoção para lucrar eleitoralmente. O megacomício de 15 dias atrás, conforme denunciei em escritos anteriores (que podem ser acessados logo abaixo), leva a crer que Ele sempre teve pia certeza da impunidade. Diante do nefasto passado de ilicitudes, agora questionado na justiça eleitoral, o governador anda muito nervoso, porquanto, esperto como é, sabe do imenso risco que corre de perder o suado mandato de forma pateticamente inusitada. Isso de um lado...

Já pelo outro, toda essa balbúrdia em torno do autor da contenda jurídica agita os partidários e admiradores sem vínculo político de João Alves Filho, que cada vez mais o enxergam como a melhor alternativa –talvez a única– de derrotar fragorosamente o saturado projeto de mudança no voto a voto. Isso sim deveria ser motivo para Marcelo Déda pensar duas vezes antes de polemizar com o ex-governador...

Mas ainda é cedo para falar em eleição.

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(*) Texto completo em http://cariricult.blogspot.com/2009/03/maria-candelaria.html.

(**) Texto completo em http://esergipe.wordpress.com/2009/08/25/documentos-comprovam-participacao-de-joao-alves-no-processo-contra-deda.

(***) Texto complexo em http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php?id=40589#T+.

Segunda-feira, 24 de Agosto de 2009 – 23h35

O Discurso-Feito de Marcelo Déda

Como diria o admirador de Fidel Castro, Chico Buarque de Holanda, “de muito gorda, a porca já não anda”. Os argumentos do governador Marcelo Déda para justificar-se dos ilícitos dos quais é acusado no TSE (leia sobre no escrito anterior, logo abaixo) soam preguiçosos e patéticos.

Aliás, a incrível desfaçatez e a imensa cara-de-pau só são sobrepujadas pelos escritos dos que deveriam praticar o jornalismo com independência e imparcialidade.

Conforme disse anteriormente, caso seja cassado pelo TSE, Marcelo Deda já tem pronto o discurso do perseguido, do injustiçado; do coitadinho, vítima de um golpe rasteiro daqueles que não se conformaram com sua vitória...

Convenhamos, um homem do suposto calibre intelectual do governador das mudanças para pior, cujo poético vernáculo –dizem as más línguas– encanta até “serpentes”, bem que poderia se acercar de objeções mais modernosamente elaboradas.

A lorota da pobre vítima vilipendiada e atacada pela elite dominante, do sempre ético, do incorruptível e do divinamente honesto, é a mesmíssima usada pelo probo Jackson Barreto 20 anos atrás, quando foi desalojado da cadeira de prefeito de Aracaju (contando inclusive com o voto do então deputado estadual Marcelo Déda) sob a acusação de fazer contas à moda do cantor de forró: “Uma pra mim, uma pra tu, uma pra mim, outra pra mim!”.

Não que se possa comparar o governador a Jackson Barreto, cuja ficha corrida, se emendada folha após folha, somaria uns cinco quilômetros...

Vejam só o que disse Marcelo Déda na terça-feira 18/08, numa carta ao jornalista Luis Nassif*, proprietário de um blog mantido com recursos do BNDES:

Nassif:

Não pretendia me pronunciar, deixando aos meus advogados essa tarefa, mas, admirador do seu blog, fui lendo os comentários e julguei importante emitir algumas considerações e passar algumas informações que podem esclarecer melhor os fatos...

A acusação que me fazem decorre de atos de inauguração de obras e serviços da PREFEITURA (atente bem para o detalhe), durante o mês de MARÇO, aniversário da cidade (tradição antiga), quando eu AINDA ESTAVA NO EXERCÍCIO PLENO DO CARGO DE PREFEITO (guardem mais esse detalhe). Tudo aconteceu antes que eu fosse registrado candidato pelo PT e aceito pelos demais partidos da coligação.

Não sou acusado de compra de voto. Não me atribuem nenhum ato, durante o processo eleitoral propriamente dito, que só iniciou em JULHO. Não me acusam sequer de ter pregado um cartaz na parede de uma igreja!

Vejam bem: sou acusado de em MARÇO, quando era prefeito, de ter inaugurado obras e os atos de inaugurações terem influenciado o resultado do pleito em OUTUBRO. (...) Como poderiam festas cívicas do aniversário de Aracaju, ou inaugurações festivas, como tradicionalmente se faz aqui, realizadas em março terem tanta força, a ponto de, em outubro, configurarem abuso contra um candidato que disputou reeleição no cargo? (Marcelo Déda)

Vejam o que escreveu Diógenes Brayner em “Plenário” (Correio de Sergipe) na quinta-feira 20/08:

“(Marcelo) Déda não é acusado de compra de voto. Não é acusado de ter usado serviços públicos ou programas e projetos sociais para captar votos. Não é acusado de usar a máquina para constranger o eleitor. Não o acusam (no processo de cassação em curso no TSE) de ter cometido qualquer outro deslize eleitoral, durante a campanha! Ou seja, não lhe atribuem, enquanto candidato, nenhum ato supostamente desabonador, durante o processo eleitoral propriamente dito, que só se iniciou, como todos sabem, em julho de 2006. (...) O governador Marcelo Déda está sendo acusando pelo fato de, em março, quando era prefeito, ter cumprido com a tarefa de qualquer chefe de executivo municipal, estadual ou federal, ou seja, de ter inaugurado obras. Tudo isso baseado na tese de que os atos de inauguração realizados em março, na capital, teriam influenciado o resultado de um pleito acontecido em outubro, nos 75 municípios do estado.”

E agora o que disse o próprio Marcelo Déda em entrevista de página inteira publicada no Cinform de hoje:

“Não sou acusado de compra de voto. Não sou acusado de ter usado serviços públicos ou programas e projetos sociais para captar votos. Não sou acusado de usar a máquina para constranger o eleitor. Não me acusam sequer de ter pregado um cartaz na parede de uma igreja durante a campanha! Não me atribuem nenhum ato ilegal durante o processo eleitoral propriamente dito, que só se iniciou em julho de 2006. (...) Acusam-se de ter feito aquilo que é obrigação do todo prefeito: inaugura obras. Aqui em Sergipe e no Nordeste é uma tradição inaugurar obras festivamente.”

Incrível a semelhança entre discursos pronunciados em fóruns distintos e em dias alternados. Podemos assim supor, tratar-se da “comunicação política” urdida por Marcelo Déda para o gran finale: ser ovacionado em praça pública na hipótese de sua vitória no TSE, ou desagravado pela camarilha aboletada na imprensa se for cassado.

Notícia é notícia e a verdade, queira a imprensa petista ou não, acaba sempre por aparecer. A população aos poucos começa a sentir as manobras dos valhacoutos e a descreditar seus escritos.

E mais: já é notável o número de eleitores que se cansaram do “projeto de mudança”. Sinceramente, o melhor seria a disputa entre os próceres (Marcelo Déda e João Alves Filho) nas urnas. O voto a voto é sempre muito mais quente... Mas se for cassado, Marcelo Déda certamente posará de vítima. Contra esse tipo de argumento é que se deve manter os olhos e ouvidos bem abertos.

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(*) (texto completo em:

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/08/18/o-tapetao-eleitoral/)

Sábado, 22 de Agosto de 2009 – 00h45

Diógenes Brayner, o Vendido

Ou... O Correio de Sergipe, um Jornal Assassinado

O projeto inicial de transformar o Correio de Sergipe num jornal forte, independente e com credibilidade junto à opinião pública foi barbaramente assassinado ao longo dos últimos anos. Hoje o diário é um defunto insepulto e fedido, cuja serventia é somente constranger quem tem vergonha na cara.

Causou perplexidade aos ainda capazes da indignação um anúncio disfarçado de texto jornalístico estampado quinta-feira 20/08 pelo errante diário sob a tarja “Plenário”. Dizia o mais nojento dos textos publicados na imprensa de Sergipe na última década:

“(Marcelo) Déda não é acusado de compra de voto. Não é acusado de ter usado serviços públicos ou programas e projetos sociais para captar votos. Não é acusado de usar a máquina para constranger o eleitor. Não o acusam (no processo de cassação em curso no TSE) de ter cometido qualquer outro deslize eleitoral, durante a campanha! Ou seja, não lhe atribuem, enquanto candidato, nenhum ato supostamente desabonador, durante o processo eleitoral propriamente dito, que só se iniciou, como todos sabem, em julho de 2006. (...) O governador Marcelo Déda está sendo acusando pelo fato de, em março, quando era prefeito, ter cumprido com a tarefa de qualquer chefe de executivo municipal, estadual ou federal, ou seja, de ter inaugurado obras. Tudo isso baseado na tese de que os atos de inauguração realizados em março, na capital, teriam influenciado o resultado de um pleito acontecido em outubro, nos 75 municípios do estado.”

Como se observa, o Palácio do Governo está muito preocupado com o desfecho dessa querela. A cretinice reproduzida acima é a primeira tentativa oficial de preparar o distinto público para a grande campanha de canonização do governador das mudanças para pior, caso Ele venha a ser cassado.

Comenta-se que o Correio de Sergipe foi posto à venda. Na falta de algo mais ao gosto anarquista, desfazer-se dele é um alívio! O ideal mesmo seria uma imensa fogueira revolucionária da qual nada sobrasse, especialmente o “analista político” nomeado às escâncaras no título deste escrito, cuja alcunha a partir de agora será “o Valhacouto”, com maiúsculas, pela vergonhosa maledicência dos seus escritos.

Livrar-se dos estorvos seria realmente ótimo...

Em verdade, faz tempo o Correio de Sergipe está “vendido”. O Valhacouto, por exemplo, é apenas um dos arrendatários. Paga mensalmente para manter vivos seus sabujos comentários e análises, nos quais rima e métrica têm preço tabelado e se perfazem no tal “Plenário” e no seu apêndice denominado “FaxAju”, alocado na Internet.

Sílaba a sílaba, linha a linha, o tilintar das moedas acorre a léguas...

A interatividade incestuosa de natureza econômica mantida pelo valhacouto Diógenes Brayner com o poder de plantão é antiga. Começou quando governos de outrora (Antônio Carlos Valadares, João Alves Filho, Albano Franco, Albano Franco de novo e depois João Alves Filho) o agregaram entre os jagunços disponíveis na imprensa para cometer serviços muito específicos –dispensável dizer que foi mantido “na ativa” pelo atual governo.

A mecânica é simples! Você me paga, eu lhe vendo minha “opinião”. Em seguida a publico como coisa séria num órgão de imprensa, que me vende o espaço –no caso do Correio de Sergipe– para eu me travestir de “analista político” e defender ou atacar, conforme a encomenda.

No comercial disfarçado de análise política da quinta-feira, o Valhacouto sedimenta o alicerce à “saída honrosa” de Marcelo Déda. Para Diógenes Brayner, desde já o governador é um injustiçado!

Para não agredir os fatos, a verdade é que o Valhacouto não se imiscui nessa contenda como membro do adulatório do “Número Um”. Com o nobre jornalista, negócio é “apenas” negócio.

Os vídeos disponíveis no YouTube, onde o então prefeito-candidato é flagrado usando a máquina da Prefeitura de Aracaju para a autopromoção, é que são graves. Difícil será apagá-los da história ou mesmo ignorá-los.

Difícil será extirpar da memória coletiva o mês março de 2006, período pré-eleitoral e do desligamento de Marcelo Déda dos cofres municipais, quando R$ 766.976,00 foram desviados do erário para pagar os artistas que participaram dos comícios de despedida do então prefeito-candidato (vide revista Veja: “Micareta Picareta”, 10/05/2006) –detalhe importante: tal quantia era aproximadamente 80% maior que o montante gasto (R$ 426.126,00) um ano antes, quando Aracaju comemorou 150 anos de fundada.

Difícil também será esquecer o mau uso dos recursos públicos em benefício dos interesses pessoais de Marcelo Déda, personificado nos panfletos distribuídos na Grande Aracaju, nos anúncios publicados no Jornal do Dia e nos vídeos veiculados pela TV Sergipe e TV Atalaia a convidar para os comícios disfarçados de atos públicos de inauguração de obras, sobretudo na área da Saúde. Só com a mídia eletrônica foram torrados naquele fatídico mês R$ 475.000,00.

Por tudo isso, o texto asqueroso do Valhacouto, de tão imoral e apoplexo, passa à história como o anúncio mais vagabundo jamais visto na propaganda de Sergipe. Uma clara tentativa de vender Marcelo Déda como santo e purificado!

Ninguém merece...

Quarta-feira, 19 de Agosto de 2009 – 20h45

Edvaldo Nogueira, o Destemperado

Edvaldo Nogueira, quem diria, trocou a cachaça por vinhos caros, o botequim por refinados restaurantes e assumiu um visual sofisticado, bem semelhante ao do chefe maior. Outra mudança do prefeito comunista é no trato com os demais da espécie.

Quando estava vice-prefeito, Edvaldo Nogueira era um sujeito afável, de manejo elegante e voz mansa. Ao receber a caneta do padrinho, parece ter sido contagiado pela soberba. Agora, arrota arrogância!

O cara de fino trato deu lugar a um troglodita bem vestido e perfumado. Na quinta-feira 22/07, o ex-senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS, foi duplamente agredido pelo prefeito comunista.

Primeiramente, quando faixas em homenagem a ele e a Nilson Lima foram arrancadas de um evento na Assembléia por ordem do prefeito. Depois, dedo em riste, o prefeito disse a Roberto Freire num restaurante que mandaria arrancar as faixas tantas vezes fosse necessário.

Semana passada, o destempero de Edvaldo voltou à tona. Na reunião entre os deputados federais de Sergipe e os prefeitos sergipanos que participavam da Marcha dos Municípios em Brasília, o prefeito comunista tentou rebater acusações da oposição quanto aos contratos do município de Aracaju com a Sociedade Eunice Weaner.

A reunião era presidida pelo deputado José Carlos Machado. O parlamentar democrata lembrou a Edvaldo Nogueira que aquele não era o momento adequado para desabafos, pois o encontro objetivava tratar das reivindicações dos municípios no Congresso.

Depois do pito, Edvaldo Nogueira ficou caladinho. Mas ao final do encontro, aos berros e gesticulando como se estivesse num palanque, ele destratou o deputado José Carlos Machado. Disse que não iria mais ficar calado, pois já não era candidato e passou a fazer ameaças.

Parlamentares e prefeitos, sem entender nada, foram saindo de mansinho. Edvaldo Nogueira só não ficou falando para as paredes por conta dos seus assessores que permaneceram no recinto.

Triste. Muito triste!

Segunda-feira, 17 de Agosto de 2009 – 16h45

Estudantes Foram Prejudicados Pelo Megacomício de Déda

Por detrás das cortinas ainda rende comentários o megacomício disfarçado de evento governamental, realizado pelo governo estadual na sexta-feira (07/08), às barbas do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Justiça (Praça Fausto Cardoso, Centro de Aracaju) –veja o teor das denúncias nas publicações anteriores, logo abaixo.

A imprensa de Sergipe, especialmente a camarilha adulatória travestida de “analistas políticos”, simplesmente ignorou o flagrante uso da máquina pública estadual em favorecimento explícito à reeleição do governador Marcelo Déda. Fosse outro o incauto administrador...

Da mesma forma, a claudicante oposição e mesmo os zelosos curadores do patrimônio público, assentados nos confortáveis gabinetes do Ministério Público (Estadual e Federal) e até o Ministério Público Eleitoral, acharam o assunto sem importância. Uma bobagem!

Porém, no longínquo povoado Olhos D’água (e noutros povoados) no município de Lagarto, centenas de estudantes pobres sofreram um duro golpe por conta da ação politiqueira do governador das mudanças para pior e aliados.

O caso veio à tona no dia seguinte ao megacomício, quando o secretário de Educação de Lagarto, Marcelo Maratá, no programa “Falando a Verdade” do jornalista Cabo Zé (FM Eldorado), tentava justificar o sumiço na sexta-feira dos ônibus que transportam estudantes dos povoados para colégios e faculdades em Aracaju.

Disse Marcelo Maratá: “Alguns ônibus, em torno de dois ou três, ficaram sem aprovar no processo de pré-aprovação (da vistoria do Detran). Automaticamente, foram enviados a Aracaju para fazer a vistoria ontem. Por esse motivo, se atrasaram para o horário da faculdade. Isso aconteceu apenas ontem”.

Minutos depois, uma indignada estudante entrou no ar e fez uma grave acusação ao prefeito de Lagarto, Valmir Monteiro. Os trechos da gravação do programa comprovariam o uso de ônibus escolares para trazer trabalhadores rurais ao megacomício.

O diálogo:

Josy (a estudante) – “Isso que Marcelo Maratá acabou de falar é mentira.”

Cabo Zé – “Marcelo Maratá está aqui e você chamou ele de mentiroso...”

Josy – “Os transporte que faz (sic) a linha da noite tava era em Aracaju, em um evento. Tanto ele como...”

Cabo Zé – “Evento? Não é possível Josy!”

Josy – “Eu tenho certeza. É possível sim, porque a gente ficou esperando aqui até sete horas da noite e o carro não apareceu.”

Cabo – “Repare bem, isso é uma denúncia muito séria, porque isso é um dinheiro que vem do governo federal e não pode pegar um ônibus e deixar de levar os estudantes pra ir pra uma festa. Aí não dá. Não conta comigo.”

Josy – “E outra: o dono do ‘carro’ é Domingos. Aí quer dizer, a gente ficou aqui esperando o transporte para ir pro colégio. Depois que a gente ligou pro motorista, ele falou que tava lá em Aracaju, mas não estava fazendo vistoria. Ele tava nesse evento que teve em Aracaju, e eu posso provar.”

Cabo Zé – “Acabou?”

Josy – “Você quer a placa do carro pra ver que eu não tô mentindo?”

Cabo Zé – “Pode dar.”

Josy – “JNZ 3151. Exatamente, tava nesse evento ontem em Aracaju e não veio fazer...”

Cabo Zé – “Ô Josy, você sabe o nome do motorista?”

Josy – “O nome do motorista é Humberto. Mas o motorista não tem nada a ver com isso.”

O alarmante diálogo fala por si. Trata-se de cabal demonstração de como a alegada audiência do megacomício –de acordo com o próprio governador, dez mil pessoas, a maioria trabalhadores rurais– supostamente teria sido composta.

Primeiro questionamento: outros estudantes pobres de outros povoados do interior perderam aula na noite do megacomício porque aliados do governador Marcelo Déda resolveram usar o transporte escolar para engordar a plateia do “ato histórico” realizado para impressionar o eleitorado de Aracaju?

A levar em conta o numeral divulgado pelo governo estadual (dez mil presentes, a maioria do interior), pode-se supor na faixa de 80% (ou 8 mil pessoas) a dita maioria. Um ônibus transporta em média 44 passageiros sentados. Para trazer toda essa gente a Aracaju, seriam necessários cerca de 180 veículos.

Segundo questionamento: se o transporte não foi feito por ônibus escolares, como no caso da plateia vinda de Lagarto, que veículos foram usados e quem os pagou?

Talvez agora o megacomício realizado em Aracaju para turbinar a campanha de reeleição do governador Marcelo Déda receba a atenção devida!

A quem interessar possa, a cópia da gravação do programa de Cabo Zé está comigo...

Domingo, 16 de Agosto de 2009 - 03h10

Ao Mestre Célio Nunes

Sergipe perdeu um filho ético e honrado. Conheci Célio Nunes quando eu era estudante secundarista sentado numa roda de grandes comunistas, dentre os quais Gervásio Santos (Careca), Agonalto Pacheco e Jackson de Figueiredo.

As conversas me magnetizavam, pois transcendiam a política partidária e soavam como aulas imperdíveis de filosofia, sociologia... vida!

À época, a ditadura militar definhava. Mas aquele grupo tinha histórias reais, de arrepiar os cabelos, sobre confrontos inimagináveis com o regime militar –cadeia com direito a “tratamento especial” fora apenas uma parte dos sofrimentos vividos.

Reencontrei Célio Nunes diretor-geral do Jornal da Manhã no início da década de noventa. Lá estava ele entusiasmado, cheio de projetos em busca de reformular o sabujo diário. Ele queria um jornal sem manhas, pronto a zelar pela verdade, pela notícia.

Nasciam com ele, ao lado de Ronaldo Moreira, os primeiros passos para o que viria depois a tornar-se o Correio de Sergipe -convenhamos, apesar dos esforços deles e de outros tantos e não por suas responsabilidades, pariu-se um jornal sem eira nem beira...

Célio Nunes era um tipo raro: elegante no trato, respeitoso no aconselhamento aos subordinados, paciente ao transmitir seu vasto conhecimento aos neófitos. Um escriba de grande estirpe: texto impecável, conciso, sempre iluminadamente narrativo, com o toque do cronista e do humanista que nele residiam.

Célio Nunes representava uma espécie quase em extinção. Passou por um punhado de redações na Bahia e em Sergipe sem qualquer mácula a lhe chafurdar a biografia. Era um cara probo, cujo decoro profissional deveria servir de exemplo a muitos.

O Mestre tinha parâmetros rígidos sobre o caráter do seu ofício. Sua ideologia era o bem-informar. Jamais alugou a pena para proteger governos falidos ou serviu como “jagunço” contra os desafetos do poder de plantão.

Mestre Célio Nunes, sua saída de cena deixa uma lacuna irreparável na crônica e no jornalismo de Sergipe. Seu manejo pacato e seu sorriso de canto de boca jamais serão esquecidos. Seus contos curtos, cheios de viço, personalidade e humor sagaz vão fazer muita falta no cotidiano dos navegantes do Portal Infonet.

Continue sua jornada celestial como sempre você foi: um homem ilibado, honesto, trabalhador, amigo, solidário... Um jornalista que nos honrou e honra muito. Muito!

Quinta-feira, 13 de Agosto de 2009 – 17h05

A Chorar o Leite Derramado

O TTB (Teatro Tobias Barreto) vai receber amanhã o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, para proferir a palestra de encerramento à VIII Semana Jurídica Nacional, promovida pela Universidade Tiradentes.

No Brasil inteiro, por onde passa, o chefe da Suprema Corte nacional é alvo das manifestações de jornalistas chorosos, desde a abolição do diploma para o livre exercício da profissão. Os de Sergipe, sob a liderança da representação sindical local, também farão seu protesto.

Os lamuriosos desdiplomados andam com Gilmar Mendes “atravessado na garganta” e preparam colheres de pau, panelas, apitos e narizes de palhaço para receber o ministro no TTB.

Trata-se de lamentável perda de tempo. Se ações devem ser efetivadas para tentar reavivar a calamitosa reserva de mercado, o palco adequado é o Congresso Nacional.

A personificação de Gilmar Mendes como “inimigo” da classe ocorre pela nefasta influência da esquerda tardia, refugiada nos órgãos de representação dos jornalistas, e através das páginas de “profissionais” da Comunicação Social espalhadas pela Internet.

Gilmar Mendes pode ter vários defeitos. Inclusive o de não atender ao desejo dos jornalistas de deificação do diploma ao votar contra sua obrigatoriedade. Mas é apenas um entre os votos decisórios.

As manifestações dos desdiplomados contra o ministro pelo Brasil afora não ocorrem, de fato, pelo seu voto em si. Mas pelas palavras dele pós-voto, ao comparar jornalistas a cozinheiros e costureiras.

O ato público, com direito a apitaço, panelaço e narizes de palhaço, “representando o ministro, claro”, é somente um “ato de vingança”. Poucos noviços na profissão se dão conta disso.

Aliás, convenhamos, “apitaço”, “panelaço” e “narizes de palhaço” são modos antiquíssimos de apimentar protestos. Neste caso, a falta de criatividade dos colegas compromete até a qualidade intelectual da manifestação.

Como forma de contribuir com os tantos chorosos “caçadores de notícias” desdiplomados, recomendo a substituição dos citados adereços por outros, mais modernos e bem melhor adequados: orelhas de asno!

Representariam com fidelidade a quase totalidade dos piqueteiros...

Cala-te Boca

O melhor remédio ante o indefensável é mesmo manter a língua inativa. A prescrição serve ao deputado Garibalde Mendonça, um sujeito cuja voz só é ouvida em ano bissexto. Mas quando resolve abrir o bico...

O nobre parlamentar narrou aos colegas na Assembléia, conforme o “Periscópio” do Jornal da Cidade (terça-feira, 11/09), o périplo que fez depois de ouvir as críticas da oposição quanto à qualidade do recapeamento da rodovia entre Itabaiana e Canindé, alcunhada pelo governador das mudanças para pior de “Rota do Sertão”.

Disse Garibalde Mendonça: “Percorri os 216 km daquela obra, fiz questão de ir até lá e verificar se as acusações de que a estrada já está ruim procedem e queria tranquilizar a todos porque os buracos existem, mas eles são normais e não passam de 50”.

Reveja: “buracos existem”, “são normais” e “não passam de 50”!

Melhor seria se Garibalde Mendonça nada tivesse dito, até porque a “obra” tem apenas quatro meses de inaugurada e em vários discursos –a cada trecho inaugurado, Marcelo Déda fez um comício– o governador disse que iria durar “uma década”.

“Um lugar ao Sol”

Não, não é filme ou espetáculo teatral. Trata-se do nome de batismo da ONG (Organização Não Governamental) de “propriedade” da secretária estadual de Combate à Pobreza, deputada Conceição Vieira.

Ao criticar a enxurrada de dinheiro repassado pelos governos a essas entidades, o deputado Venâncio Fonseca citou as inúmeras qualidades da “Um Lugar ao Sol”. A ONG, com sede em Japaratuba, faz de tudo: obra de pavimentação, de esgotamento, de construção de casas...

“É a Odebrecht de Sergipe”, rebatizou apropriadamente Venâncio Fonseca.

Quarta-feira, 12 de Agosto de 2009 – 14h05

Confissão de Culpa Estampada

O petismo de carteirinha, leitor destes escritos, está em polvorosas por conta da grave denúncia publicada aqui na segunda-feira, quando apontei com provas inequívocas o uso da máquina do governo estadual na promoção da candidatura à reeleição de Marcelo Déda durante um comício disfarçado de evento governamental –leia sobre no último escrito, logo abaixo.

O próprio governo, quando deu publicidade ao “ato histórico”, com o objetivo de tentar reverter uma queda brusca da popularidade do governador das mudanças para pior na Grande Aracaju e nas maiores cidades do interior, conforme recentes pesquisas, produziu as provas incriminadoras.

Fato incontestável: os elementos característicos dos palanques eleitorais estavam presentes ao “ato histórico” de sexta-feira (bandeiras, charanga, faixas de apoio aos candidatos, ônibus para o transporte de pessoal e lanche, palco caracterizado e com som profissional e telão, banners e balões com as marcas do candidato, panfletaria...).

Detalhe surreal, notadamente o mais afrontoso: a quase totalidade dos presentes ao “ato histórico”, importados de cidades do alto sertão de Sergipe, recebeu camisas promocionais com um coração estampado, símbolo gráfico usado por Marcelo Déda na campanha eleitoral de 2006 e depois transformado em logomarca do governo –os bonés foram distribuídos pelo MST com verba do governo federal.

Na foto abaixo, vê-se o momento em que o governador entrega o título de propriedade à trabalhadora rural Maria da Anunciação durante o megacomício da Praça Fausto Cardoso. A beneficiada está fardada com uma dos milhares de camisas promocionais distribuídas antecipadamente e durante o “ato histórico” aos agricultores importados do interior para servir de plateia. No detalhe, o símbolo da campanha eleitoral de Marcelo Déda volta a ser usado. Agora com uma frase de efeito: “O governo trabalha (sic), o campo cresce e nossa vida melhora”.

Já na reprodução abaixo, gerada a partir do blog da Secretaria Estadual de Comunicação (http://esergipe.wordpress.com), fica confirmada a afirmação de Déda no seu primeiro programa de rádio (leia sobre o assunto no escrito anterior, logo abaixo), de que “cerca de dez mil pessoas” participaram do “ato histórico”, “em sua maioria agricultores”...

Se os números são verdadeiros, o intuito do “ato histórico” fica bastante claro. Marcelo Déda usou os agricultores como “massa de manobra”, como figuração de um megacomício, para impressionar o eleitorado de Aracaju e mostrar serviço –o alvo não era de fato os sertanejos, porquanto se assim o fosse o evento teria ocorrido num município do sertão­. Ou seja: o “governo não está parado, como acusa a oposição”. E a melhor prova são as novas promessas feitas em palanque.

O governador prometeu, por exemplo, criar a versão estadual do “Bolsa Família”, para doar R$ 190 mensais a 10 mil famílias de trabalhadores desempregados durante quatro meses do ano. O período correspondente à entressafra. Quem já recebe o “Bolsa Família” não terá problema, pois a renda será acrescida ao benefício pago pelo governo federal.

Como ocorre no programa de Lula da Silva, Marcelo Déda não vai exigir qualquer contrapartida aos beneficiados. Sendo mais claro: não se trata de um programa social com vistas a tirar o sertanejo da miséria. É apenas assistencialismo puro. Uma compra de votos institucionalizada. A almejada “aposentadoria” antecipada, cujo projeto chega à Assembléia Legislativa na próxima semana e vai consumir R$ 8 milhões já neste ano.

Da mesma forma como usou a máquina da Prefeitura de Aracaju para eleger-se governador sem qualquer constrangimento ou punição, pelo menos até agora, Marcelo Déda se acha no direito de abusar dos cofres estaduais para financiar o seu projeto de poder: a reeleição!

A menos que...

Segunda-feira, 10 de Agosto de 2009 – 19h05

A Cara de Preocupado do Governador

O processo jurídico a arguir a cassação do governador Marcelo Déda, em tramitação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o acusa de ilícitos graves: uso da máquina pública e propaganda eleitoral antecipada –para maiores esclarecimentos, vide denúncia da revista Veja (“Micareta Picareta”, de 10/05/2006).

Talvez fosse o momento de o Ministério Público Eleitoral intervir, porquanto o uso das máquinas estadual e federal e a propaganda eleitoral antecipada estão sobejamente em uso. Agora em benefício da candidatura à reeleição do governador das mudanças para pior.

Sob os bigodes do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Justiça de Sergipe, Marcelo Déda protagonizou na tarde de sexta-feira (7/09) no Centro Comercial de Aracaju o que a Secretaria Estadual de Comunicação classificou como “ato histórico”, ao anunciar medidas para os pequenos agricultores.

Era na verdade apenas um grande comício, mascarado sob a tarja de evento governamental. O disfarce foi uma assinatura de convênios e o anúncio do “Plano Safra” 2009/2010. Na plateia, membros fardados do MST (Movimento dos Sem-Terra) e trabalhadores rurais.

Volto ao “ato histórico” em seguida, pois ele se encaixa como luva na “política de comunicação” adotada pelo governo do PT. Antes, um outro produto da criativa Secretaria Estadual de Comunicação merece avaliação. Trata-se do programa de rádio “Encontro Com o Governador”, engendrado nos moldes do programa “Café Com o Presidente”, do compadre Lula da Silva.

Criado e produzido pela Agência Sergipe de Notícias (ASN), o programa tem Marcelo Déda como entrevistado “cativo”. A primeira edição está disponível para audição desde ontem no site da ASN. Detalhe importante: “Poderá ser utilizado na programação de todas as emissoras de rádio”, segundo o secretário Carlos Cauê. Nesse primeiro “Encontro”, o governador discorre obviamente sobre o “ato histórico” de sexta-feira.

Alguns rápidos questionamentos:

  • Quem vai pagar pela veiculação dos programas nas emissoras de rádio?
  • Se a veiculação for solicitada como “cortesia” às emissoras, aquelas que recebem mídia do governo estariam desobrigadas de veicular?
  • Alguém em sã consciência acredita que emissoras pagas mensalmente pela Secretaria Estadual de Comunicação ousariam recusar uma “cortesia” ao maior e por vezes único grande cliente?
  • O que garante que por debaixo do pano não seja efetivado um acordo de cavalheiros para veiculação do produto sem entrar na grade comercial normal das emissoras, mas estar incluído sem menção na mídia global?

Quando Marcelo Déda subtraiu Carlos Cauê da equipe de Edvaldo Nogueira pretendia usar o espírito “agressivo” do jornalista e publicitário para melhorar a chamuscada imagem pública –pesquisas realizadas pelo governo apontam a polarização entre Marcelo Déda e João Alves Filho, com leve vantagem para o ex-governador.

As pesquisas aferiram a vertiginosa queda de prestígio de Marcelo Déda, especialmente na região metropolitana de Aracaju e nas maiores cidades do interior. O “número um” continuaria bem quisto apenas no sertão, com o “Bolsa Família” a lhe dar suporte eleitoral.

O “ato histórico” de sexta-feira veio como a demonstrar o poder de arregimentação política no setor onde o governador ainda está bem, pois nos municípios dotados de melhor infraestrutura econômica, onde a população recebe influência dos “formadores de opinião” e a oposição atua com competência, o discurso de mudança caiu no ridículo.

Esse novo foco na “comunicação política” do governo deve ser motivo de criteriosa observação. Carlos Cauê já mantém com jornalistas e radialistas atitude “acessível”. Da mesma forma, o diálogo com os próceres da mídia agora é feito “sem entraves”. O secretário também é craque em embaixadas. Aliás, sua especialidade são as eleitorais.

O “ato histórico” de sexta-feira e o programa de rádio do governador se inserem no contexto da “comunicação política” idealizada por Carlos Cauê. O objetivo mais do que claro é tornar Marcelo Déda palatável em outubro de 2010. Os meios não importam.

Mas nem tudo é perfeito. Talvez sem querer, quem sabe traído pelo amazônico ego, o governador cometeu uma inconfidência terrível no seu primeiro colóquio radiofônico. Ao falar sobre o “ato histórico” de sexta-feira, disse que havia “10 mil” presentes...

Questionamentos rápidos:

  • Quem organizou e quem pagou o transporte de toda essa gente, posto que 80% eram sertanejos de Monte Alegre, Poço Redondo, Canindé...?
  • Quem pagou o lanche? (Entre ida e volta foram cinco horas de viagem + cerca de quatro horas de permanência em Aracaju.)
  • Quem pagou a infraestrutura usada antecipadamente e durante o evento (carros de som, faixas, palco, som de palco, luz, banners, estandartes, panfletaria, recursos humanos)?
  • Quem pagou as camisas, bandeiras e bonés novinhos em folha distribuídos antecipadamente e durante o evento à audiência?
  • Quem pagou as faixas saudando Marcelo Déda, Lula da Silva, Dilma Rousseff e o MST portadas por cabos eleitorais?

Marcelo Déda deve ter poderosas costas quentes para afrontar a Lei Eleitoral sem se intimidar: faz programa de rádio, promove megacomícios com distribuição de brindes...

O governador está enrolado no TSE por conta dos ilícitos mencionados no início deste escrito, que remontam ao período quando Marcelo Déda ainda estava prefeito de Aracaju e candidato ao governo. Diante daquelas tentativas de ludibriar a legislação, seu passado hoje está sujo. Com a esbórnia de agora, Marcelo Déda pode também comprometer seu futuro político.

Mas pelo visto, isso não faz parte das preocupações do governador. Pelo menos, a julgar pela lustrada face...

Marcelo Déda no palanque: sorriso de vencedor e afronta a Lei Eleitoral
O candidato acena ao público: João Alves é o "adversário dos sonhos"
A plateia fardada: camisas com o símbolo do governo do PT, o caração
A mega infraestrutura: mais de 80% da plateia veio importada do sertão
(Fotos : ASN)
PS – A quem interessar possa, pelo menos no primeiro programa de rádio, Marcelo Déda não atacou de cantor. Fomos poupados!

Segunda-feira, 03 de Agosto de 2009 – 21h25

Antes Tarde, Mas...

Um amigo jornalista me fez hoje uma ponderação interessante com relação à nota “Curiosa Renúncia” publicada logo após meu último escrito. Disse-me ele: “Você foi injusto com Thaïs Bezerra. Ela nada publicou sobre o ‘chega para lá’ de Edvaldo Nogueira e Marcelo Déda na festa do PPS para receber Nilson Lima porque fecha a coluna na quinta-feira, exatamente quando ocorreu a querela”.

Bem... meu amigo pode até ter razão nesse ponto. Mas, o que disse a prezada jornalista em seu caderno dominical (ontem) nada acrescenta à dantesca cena. Pelo contrário, a alivia sobremaneira. Portanto, injusto não fui. Que o diga a própria nota, caros leitores e leitoras:

  • # Vale o registro! Após prestigiar o fabuloso espetáculo da pianista portuguesa Maria João, no Teatro Tobias Barreto, na noite do dia 23, o governador Marcelo Déda foi jantar no La Tavola. Estava super charmoso e de alto astral ao lado do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, do presidente do Banese, Saumíneo Nascimento, do secretário de Comunicação, Carlos Cauê, e do jornalista Amaral Cavalcanti. O papo foi regado a vinho de boa safra!
  • # Mesa animada reuniu na mesma noite no La Tavola, o presidente nacional do PPS, o pernambucano Roberto Freire, que veio prestigiar a filiação de Nilson Lima no partido - que foi bastante cumprimentado no restaurante de Haroldo Silva. Freire e Nilson jantaram com Zé Franco, Emanoel Cacho, Wellington Mangueira, Job Carvalho e outros, celebrando a sua chegada ao PPS com o velho scoth e muita conversa.
  • # Bomba bomba!! Lá pras tantas, o governador Marcelo Déda levantou-se e chamou o compadre e seu ex-secretário da Fazenda, Nilson Lima num cantinho do La Tavola e conversaram ao pé do ouvido, e nem sequer sentaram-se. Foi um momento de muita expectativa nos curiosos de plantão... o clima estava tranquilo, com sorrisos de ambas as partes. Até hoje todo mundo quer saber o que eles conversaram...
  • # Na mesa ao lado, jantando após o belo show da pianista no TTB, os amigos Hugo Julião, TB, Mario Britto, Clarinha Oliveira, Bete e Gilson Figueiredo, viram de camarote toda a cena política no La Tavola. Foi uma noite movimentada e cheia de surpresas... O La Tavola é o templo da alta gastronomia e dos grandes encontros.