OPOSIÇÃO? QUE OPOSIÇÃO?
Por David Leite*
Como eleitor, tenho o que chamo de “voto crítico”. Os políticos
o detestam, mas é o que posso oferecer – e ponto! Explico: eu
opino publicamente, inclusive por não manter ligação de qualquer
ordem com quem quer que seja. Livre dessa amarra, uso minha
experiência em 15 campanhas eleitorais, comandando 10 delas, para
analisar a cena política e as perspectivas eleitorais.
Tenho dito e repito: a oposição sergipana perdeu o rumo e não é
páreo para a ala governista, seja no nível estadual ou de Aracaju.
Hoje, o colega Diógenes Brayner [FaxAju] comenta: “Até o momento
[a oposição] ainda busca saídas para retomar a unidade,
aparentemente difícil e muito complicada”.
Eu diria mais: essa junção não se dará em 2020 e nem 2022, e a
razão é simples, conforme explica o próprio Diógenes Brayner: “O
resultado do pleito de 2018 esfacelou o que ainda se supunha
resistente. Candidaturas do mesmo grupo ao Senado e governo
[estadual] receberam o tiro de misericórdia, com apelação
caracterizada por erros primários”.
Erros crassos, na verdade! Esse aborto da natureza chamado Alessandro
Vieira, por exemplo. Diógenes Brayner diz que o delegado está
convencido que a enxurrada de votos deve-se ao seu sotaque gaúcho e
por mudanças que ele pregava. “Não foi assim: os candidatos ao
Senado lhe direcionaram votos. A metade deles não pediu voto para a
chapa, mas usou a estratégia do ‘votem em mim e no Alessandro’
por considerar um nome frágil na disputa”.
Tendo a discordar do colega, em parte. Afora Rogério Carvalho, que
bobo não é, todos os outros candidatos ao Senado caíram nessa
esparrela de pedir votos para Alessandro Vieira. “Deu zebra”, ora
bolas! “O candidato com uma das menores chances, que era o
ilustrado delegado, terminou ganhando. O que fazer? Aceitar, claro, a
‘cagada’ quase coletiva”, sugere Diógenes Brayner.
A lição parece não ter sido aprendida e mais uma vez vê-se o
total amadorismo em cena. A oposição segue dispersa e sem um nome
capaz de congregar grupos e interesses tão heterogêneos. Falta
pragmatismo – aliás, foi justamente a ausência de sensatez o
“ponto fora da curva” responsável por abater de uma só vez
Eduardo Amorim, Valadares Filho, Antônio Carlos Valadares e André
Moura.
Existe saída? Talvez… Uma coisa é certa: sem diálogo e sem uma
liderança respeitável, será impossível vencer. Outra questão
fundamental é estabelecer uma política de grupo longe das vaidades
pessoais e uma comunicação profissional. Sem isso, não há caminho
seguro. O tempo trabalha contra a oposição! Já Edvaldo Nogueira
segue fazendo um feijão com arroz bem temperado.
[*] É consultor em Marketing Político e Eleitoral.
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Originalmente publicado em http://bit.ly/dljlp16out no dia 15 de
outubro de 2019, 21h15.
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