ALELUIA, O
CONGRESSO NACIONAL LIVROU-SE
DO PEQUENO
DEPUTADO MENDONÇA PRADO
Diz a boa regra da
guerra que não se deve tripudiar sobre o adversário derrotado. Não
é este o caso, ao menos não é esta a declarada intenção deste
escrito. Mas, sigamos... Todos sabem o que penso sobre essa esquerda
vadia, também conhecida como “esquerda festiva” – dos
filósofos esquerdoides, então (a começar pelo vagabundo do Jean
Paul Sartre), tenho até náusea. No entanto, Alain de Botton passa
no teste da minha cadeira de balanço, sobretudo pelo debochado “As
consolações da filosofia”.
Nele, baseado no
princípio socrático de raciocínio, o pensador francês ensina que
é possível “desenvolver opiniões nas quais poderíamos, mesmo
diante de uma tempestade, sentir uma confiança legítima”. Isso
porque “Sócrates nos encoraja a não nos deixarmos abater pelo ar
confiante das pessoas que não respeitam tal complexidade (referência
à autonomia de raciocínio) e formulam pontos de vista sem
dedicar-lhes, ao menos, o mesmo rigor que um oleiro dedica à sua
arte”, que vem a ser moldar formas e contornos a partir de uma
massa amorfa de barro.
Agora, passada a
tempestade eleitoral e já fincado noutras “consolações”,
encontro no filósofo Luiz Felipe Pondé, um pensador que admiro, um
“encaminhamento” contemporâneo para compreender melhor o gesto
tresloucado do deputado Mendonça Prado, a culminar hoje com sua
despedida – sem retorno futuro, espero! – do Congresso Nacional:
“A era do ressentimento” é um livro relativamente pequeno, mas
capaz de explicar por que tantos (a exemplo do pequeno deputado)
vivem angustiados, movidos por um desespero que cega, bestialmente, e
embota a razão.
Quem acompanhou o
processo eletivo deste ano ficou sem palavras diante do comportamento
excessivo de Mendonça Prado. Uma coisa é a política, outra são
todos os ritos advindos da civilização para a boa convivência.
Juntar-se a Jackson Barreto, a quem chamava de ladrão e insinuava
que tinha hábitos semelhantes ao ex-deputado Clodovil Hernandes, já
falecido – creio que a alusão se refere à língua solta –,
extirpou-lhe um palmo e meio. Imaginava ser um gigante no combate
contra o desafeto Edivan Amorim, porém, de fato, tinha apenas o
tamanho de um bonsai de limoeiro. Tanto fez que os votos sumiram...
A esperança do
parlamentar nanico para permanecer na vitrine chamada Brasília,
mesmo sem ter no Planalto Central qualquer relevância política, partidária ou pessoal, seria André Moura acabar castigado num
processo judicial controverso, que lhe ameaçava a brilhante
carreira, após uma votação surpreendente (mais de 75 mil votos), e
diante da campanha sórdida que enfrentou, patrocinada por Jackson
Barreto, tendo o auxílio luxuoso do próprio Mendonça Prado. O
Tribunal Superior Eleitoral não permitiu a consolidação do que
seria uma aberração jurídica ímpar, e com a decisão homologada
ontem à noite, os votos do candidato reeleito serão agora validados
pelo TSE e pelo TRE de Sergipe.
Foi-se o que era
doce... Pelas contas, a coligação governista elegeu quatro
deputados federais: Fábio Mitidieri, Fábio Reis, Valadares Filho e
o pastor Jony Marcos. Já o grupo do senador
Eduardo Amorim elegeu Adelson Barreto, Laércio Oliveira e agora
consolida André Moura. Na sobra (quociente), a coligação de
Jackson Barreto obteve 664 votos a mais que a coligação de Eduardo
Amorim e, assim, emplaca mais um parlamentar, João Daniel, que
fechou 52.959 votos contra 44.263 votos de Mendonça Prado. Com a
entrada de André Moura, o quociente subiu. Não
obstante, a coligação governista ainda fecha ganhando, com 113.536 votos contra 112.872
votos – diferença de 664 votos, perfazendo a média que define a
sobra dentro dos votos válidos, que totalizam 1.052.826. A
matemática eleitoral é cruel, como se vê!
Enfim, depois de
tanto aprontar e achincalhar os adversários, inclusive praticando
ingratidão com o sogro, prefeito João Alves Filho, que muito lhe
ajudou e fez dele o cabra que é, Mendonça Prado agora virou apenas
um ponto de interrogação em meio aos ressentimentos. Resta saber
se, desempregado, correrá para sentar no colo quente do meu querido
amigo governador Jackson Barreto (leia-se, a máquina governamental)
– levando toda a corriola de jaburus que o acompanha e reverbera os
impropérios – ou se vai dar um tempo, esperando a poeira baixar,
para se refazer junto àqueles a quem maltratou demais e que, apesar
da cretinice, ainda o consideram uma pessoa da “família”. Triste
fim...
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Por David Leite
©2014 | 12/12 às 06h15 | Reprodução permitida, se citada a fonte
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Um comentário:
UM COLO INOFENSIVO
Agora é público: o pequeno quase ex-deputado Mendonça Prado firma-se como notório apreciador de colos. Primeiro, aconchegou-se no do sogro João Alves Filho por longos anos. Foi um período no qual utilizou com maestria a maçaroca eleitoral do Negão, cuja fama vai longe -- foram três mandatos seguidos na Câmara Federal obtidos com seu apoio direto. De uns tempos para cá, sobretudo após a eleição de João Alves Filho à PMA, o parlamentar nanico apresentou sinais de desconforto. O desamor pelo grupo comandado por Eduardo Amorim -- e especialmente contra o irmão do senador, Edivan Amorim --, que foi fundamental para a eleição do Negão, descambou em ódio mortal. O apoio a Jackson Barreto simbolizou a recrudescência de ressentimentos cada vez mais arraigados à alma. Agora, derrotado eleitoralmente, tem como alternativa sentar-se (não de bandinha) no colo do governador a quem já chamou de ladrão e insinuava similitudes com Clodovil Hernandes, aquele famoso costureiro e ex-deputado federal, já falecido. Experiência para abriga-se confortavelmente num colo Mendonça Prado já demostrou ter. No caso do de JB, em favor dele, diga-se que é um colo inofensivo... #Uia
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