INCOMODADO
COM A PENETRAÇÃO DOS MEUS ESCRITOS,
JACKSON
BARRETO RESOLVE ME PROCESSAR NA JUSTIÇA
Dizia
um moralista francês do século 15 que “A falsa modéstia é o
último requinte da vaidade.” Pois sem a tal da falsa modéstia,
afianço: notícia melhor não haveria como a recebida no fim da
tarde de quarta-feira passada, ao assinar um “Mandato de Intimação”
entregue por um oficial de Justiça. O governador de Sergipe em
exercício Jackson Barreto, incomodado com a penetração pública
dos meus escritos, resolveu arguir-me ante um juiz, baseado em
“alegações irresponsáveis, levianas, caluniosas e difamatórias”,
conforme a ação judicial.
Não
é a primeira vez que um político me processa por opiniões
publicadas. Doutor (ele gosta de ser chamado assim) Rogério Carvalho
tentou e se deu mal. O deputado federal tomou um pito da Justiça,
além de receber uma aula sobre o princípio democrático da
liberdade de expressão. Jackson Barreto teria direito de buscar
reparação, se supostamente tivesse eu inflamado, machucado ou
deixado dolorido seu... ego de “homem do povo”. Na Justiça
provarei como o passado linguarudo que lhe abunda a biografia e os
fatos notórios sobre o seu modo de agir e fazer política foram
cruciais para a formatação da minha opinião.
Que
meu público leitor envolve mulheres e homens qualificados da
sociedade, eu já sabia. Debato com pessoas da mais alta extirpe
econômica, social e política. Recebo referências positivas (e
negativas, obviamente) quando escritos alcançam grande repercussão.
Não sou de afagar e comumente me utilizo do humor – nem sempre
politicamente correto, admito! – para expressar o meu pensar. No
entanto, jamais teclei meia linha em desavença com a verdade.
Comento sobre atos e fatos do interesse público. Baseio-me em
notícias de bastidores e nas publicadas pela imprensa. Ter o
mandatário de Sergipe entre meus leitores aborrecidos, só me
envaidece. Mas se JB não quer ser motivação de minha prosa – ou
da de qualquer outro escriba –, sugiro que se retire da vida
pública e busque a aposentadoria.
Antes
de tudo, o papel da imprensa livre é informar e comentar notícias
cuja repercussão afeta a sociedade. Muitos deram a própria vida
para garantir às novas gerações essa prerrogativa constitucional.
Jackson Barreto é um político que abusa do sentido da liberdade de
expressão ao atacar adversários e desafetos. Diz o que lhe vem à
língua sem mínimo pejo. Se o petardo é com ele, aí o danado
estrebucha. JB lutou contra a ditadura militar, não deveria temer a
dura verdade dita! Uma de suas queixas à Justiça: “Percebe-se
igualmente (…) expressões... injuriosas, insinuantes e desonrosas,
senão vejamos (e cita meu escrito): 'mesmo para um grande apreciador
de terreiros de macumba...'” Bata-me um abacate, por favor!
Quem
o conhece, não ignora que Jackson Barreto utiliza faz décadas os préstimos
de uma famosa mãe de santo do bairro Santos Dumont (em Aracaju) para
obter benesses “espirituais”, sabe-se lá de que ordem – e isso
a mim não interessa! Vamos ao que interessa: o político católico,
carola comedor de hóstia e andante contumaz em procissões
meritórias da Igreja se arrepia todo, caso seja divulgada ao público
sua obsessão por “trabalhos” afrorreligiosos – e ai de quem se
atreva a fazê-lo! Tudo indica, o governador não quer que o eleitor
mediano, católico ou evangélico, saiba que ele também reza e paga
oferendas às entidades de terreiros...
O
candidato governista à sucessão governamental também quer me
impedir de dizer que ele “vai usar descaradamente o Erário para
fazer politicagem”. Ora bolas... Tenha a santa paciência! Basta
observar as últimas indicações de comissionados no Diário Oficial
para constatar a existência de “servidores” ligados a políticos
de cujo apoio Jackson Barreto tem se gabado. A lista é imensa e
envolve gente que mora até noutros estados. Por isto, questionei
antes e o refaço: imagine o que poderia acontecer aos cofres
públicos sergipanos, se as chaves estão penduradas na arreata de
JB? Foram necessárias apenas algumas poucas edições do Diário
Oficial para que minha inquirição tivesse a devida resposta.
Dizia
Otto Lara Resende: “A ação política é cruel, baseia-se numa
competição animal. É preciso derrotar, esmagar, matar, aniquilar o
inimigo.” Jackson Barreto leva a máxima do finado jornalista
mineiro ao pé da letra – as palavras têm sentido figurado, data
venia. Xinga e detrata com a serenidade de quem chupa um picolé
de caju. Para ele, não há adversário honesto ou qualificado para
um debate elevado, que aliás, jamais saberia fazê-lo. Jackson
Barreto, incomodado com a repercussão pública de minha prosa, quer
agora calar-me. Ato contínuo, exige minha prisão pelo crime de
opinião. Sinceramente, só rindo...
Aguardemos
a voz da Justiça!
Por
David Leite | 24/09 às 14h38


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