ANTES DE FAZER GARGALHAR, O EXEMPLO
DE EIKE BATISTA DEVE SERVIR DE LIÇÃO...
São tantos e absurdos os erros de Eike Batista que surge a dúvida: foi burrice com um misto de audácia sem noção – ou simplesmente, má-fé? Nunca na história do capitalismo mundial alguém caiu tão rápido, diante do montante investido em projetos diversos, a maioria mais que complexos, extramente complexos, caso da exploração de petróleo em águas profundas e de um porto offshore. Só o futuro dirá como tanto dinheiro terá retorno para os investidores...
Quando o fenômeno Eike Batista surgiu, os conspiracionistas de sempre – entre os sergipanos, meu ilustre colega César Gama à frente – falavam sobre “dinheiro fácil entregue pelo governo do PT”, “esquemas de informações estratégicas governamentais privilegiadas”, “suborno a servidores públicos”, “esquemas de proteção no Judiciário”, “esquemas de aliciamento de parlamentares”... O saco era grande e cabia ainda a “ligação com potências capitalistas interessadas no controle de setores primários da economia nacional”. Do BNDES saiu a maioria do capital para a farra do grupo EBX.
Lembro ainda de outra turma aguerrida, a dos deslumbrados com “o saber quase místico de Eike Batista”, sobretudo após o sucesso de “O X da Questão – a Trajetória do Maior Empreendedor do Brasil”*, onde segundo o editor, “o maior empreendedor brasileiro narra com sinceridade ímpar suas aventuras de desbravador, desde os maiores sucessos até as experiências que não deram certo e os erros cometidos no curso de projetos vitoriosos.” O atual prefeito de Aracaju João Alves Filho era um desses entusiastas e, digamos, apreciadores do “estilo guerreiro” do empresário, que terá de acrescer alguns interessantes capítulos sobre inapetência e incompetência à nova edição do livro!
Para o professor de finanças da FGV de São Paulo Samy Dana, “Apesar de operar em setores tradicionais, as empresas de Eike Batista se parecem mais com startups da internet. Por isso, podem perder a confiança do mercado, de forma catastrófica, com a reversão das expectativas”. Eis o “X” da questão: para  capitar entre 2005 e 2012 investimentos de 26 bilhões de dólares, Eike Batista prometeu mundos e fundos. Seus campos de petróleo eram verdadeiras “minas de ouro”. Como um malandro-agulha, espetou e fez furos em muitos cofres de todos os cantos do planeta, agora leva no próprio buraco.
Sem dúvida, a falação destemida e o poder de convencimento da lábia de Eike Batista foram fundamentais para transformar o grupo EBX num mamute gigantesco – a palavra “mamute” não foi usada ao acaso, friso. Essas mesmas características o impediram de enxergar-se incapaz de gerir algo absurdamente complexo, sofisticado... Enquanto outros borrariam as calças diante de obstáculos difíceis de transpor, o danado do “empreendedor” aplicava o que hoje é definido por especialistas como “indisciplina financeira”, motivo para até políticos intuírem certa má-fé com o dinheiro alheio.
O exemplo de Eike Batista ficará para sempre marcado na história do capitalismo moderno Brasileiro, pelo inusitado – para o bem e para o mal... Ele sonhava ter a maior fortuna individual no planeta. Conseguiu algo ainda mais complicado: quebrar pela cepa, como um flash de relâmpago...
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Por David Leite | 02/08 às 14h05
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(*) O X da Questão - a Trajetória do Maior Empreendedor do Brasil
Autor: Batista, Eike | Editora: Sextante / Gmt 

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