BATE-BOCA NO RÁDIO: QUE LIÇÕES PODE-SE TIRAR DO EPISÓDIO?
OU... CENSURA, OS PETISTAS SÃO ASSIM: NÃO DESISTEM NUNCA

Por David Leite | Sábado, 02/03/2013 | 20h38
Um assunto pode numa primeira vista nada ter a ver com o outro. No entanto, casam como luva. Na sexta-feira, os ouvintes de rádio em Aracaju foram surpreendidos com a discussão absurda de dois parlamentares federais. Ontem também, o Diretório Nacional do PT divulgou a resolução pela qual defende um “novo marco regulatório das comunicações”, nome pomposo para esconder o real intento do “controle da mídia”, mera perífrase para se referir à censura.
O jornalista George Magalhães é bastante conhecido no rádio sergipano. Apresenta nas manhãs de segunda-feira a sexta-feira um programa ao estilo “o que rolar, rolou” – aliás, assim é o rádio em Sergipe: programas “jornalísticos” sem pauta, sem roteiro, sem produção... e muitas das vezes, sem vergonha!
O homérico bate-boca envolvendo os deputados federais Mendonça Prado e André Moura dispensaria registro, não fosse o fato de carregar um aspecto terrível: a corroboração do apresentador do programa A Hora da Verdade. George Magalhães permitiu desde o início ataques à honra, além de injúrias de toda ordem, sem intervir nem cobrar decência e decoro.
O primeiro ataque veio de Mendonça Prado. Não eram críticas dirigidas ao mandato de Eduardo Amorim e sim à pessoa do senador, que seria comandado pelo irmão – verdadeiro alvo do deputado. Dentre outras insinuações contra o fazer político da família, disse ele: “Os Amorins, um fala mas quem manda é o outro. Pergunto à sociedade: quem é Edivan Amorim? Como trabalha? Qual o seu perfil, já que ele é quem manda? O senador é apenas uma marionete nas mãos do irmão.” Mendonça Prado fez ainda menção ao partido do senador: “Esse PSC é um partido de duas caras. Em Sergipe diz uma coisa, em Brasília faz outra.”
Era evidente que Mendonça Prado queria confrontar diretamente Eduardo Amorim. Seria o fito destilar seu ódio ao irmão do senador, por quem transparece nutrir um ciúme visceral de tendência patológica? Se era, o deputado cometeu o erro tático de citar o PSC, obrigando George Magalhães a ouvir também o presidente do partido em Sergipe, André Moura. A festa começou...
Feito pinto na lama, o jornalista George Magalhães estava feliz... Havia chamado a atenção de parte da audiência, que por meio das redes sociais digitais repercutia os impropérios de Mendonça Prado – gente ligada ao PT, sobretudo!
André Moura começou sereno. Rebateu as críticas de Mendonça Prado ao PSC e analisou as supostas razões que o moveriam: “O deputado quer se promover politicamente às custas dos irmãos Amorim. Em Brasília é um parlamentar opaco, sem brilho, que ninguém conhece. Queria 15 minutos de fama e conseguiu. Ele tem inveja do nosso sucesso. Vamos comparar os mandatos? Ele tem dez anos de Câmara Federal. Eu tenho dois. Vamos ver quem trouxe mais benefícios para os municípios sergipanos, sem olhar a que partido pertence o prefeito. É assim que trabalhamos e isso incomoda Mendonça Prado.”
O comentário de André Moura quanto à inveja enfureceu Mendonça Prado, que o chamou de “ficha suja” e disse ao presidente do PSC para ter “vergonha na cara”. Daí em diante, o nível da discussão desceu a patamares impublicáveis!
A questão é: por que o jornalista George Magalhães permitiu que se chegasse até àquele ponto, quando poderia ter dado um basta muito antes? Por que deu mais tempo aos ataques de Mendonça Prado? Por que anseia por outro confronto na próxima sexta-feira? E finalmente, por que deixou para dizer que “aquilo tudo havia sido uma baixaria” apenas nos 30 segundos finais do programa?
É por essas atitudes que o rádio sergipano enfrenta uma grave crise de confiança – aliás, afora alguns poucos jornalistas e veículos, a credibilidade da imprensa em Sergipe está em queda livre! Os ouvintes concordam que episódios assim não devem se repetir pois desgastam a todos e provocam a sensação de vivermos um tempo no qual impera o regime dos sem-noção! E aí, o bicho pega...
É por esse tipo de comportamento – e também porque deseja controlar a opinião contrária ao petismo, sobremodo após o Mensalão – que desde o governo de Mulla da Silva o PT tenta criar mecanismos para censurar a imprensa. Até agora deu com os burros n’água. Mas nunca se sabe... Percebam que o tal “controle da mídia” voltou a ser pauta urgente e inegociável para os petistas depois da condenação dos chefões do partido. Eles querem uma imprensa calada, impedida de vigiar os seus corruptos, os peculatários do poder e os quadrilheiros.
Mesmo assim, com total descaramento, o presidente do PT Rui Falcão quer o apoio dos jornalistas para a tal resolução aprovada ontem. Diz que é tudo em favor do mercado de trabalho e da liberdade de expressão. Mas quem conhece o PT sabe como o partido age. Uma prova recente da pluralidade e da imprensa livre que o petismo defende foi a recepção dada pelos seus acólitos à jornalista cubana Yoani Sánchez... Controle da mídia? Fujam desse cabrunco...

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