Segunda-feira, 30 de Abril de 2012 | 14h10 | Política Públicas: Educação
Ana Lúcia Menezes e o embuste sindical
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A foto a ilustrar este escrito foi publicada na página pessoal de alguém nominado Hildebrando Maia no Facebook, trazida em apoio a um texto divulgado em 29/01 pela assessoria de imprensa da deputada Ana Lúcia Menezes, sob o título “Mobilização difunde leis de combate à violência contra a mulher”. Somente na quinta-feira passada, ao fuçar pela rede social em questão, é que vi ambos, texto e foto. Como encontrei questões muito intrigantes, resolvi comentar.
A primeira delas é quanto à cor da blusa da deputada representante do Sindicado dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese). A ausência da cor vermelha, típica dos petistas de carteirinha, caso de Ana Lúcia Menezes, fala muito – grita, aliás! A interpretação da linguagem corporal possibilita resultados surpreendentes. Por meio dela, é possível revelar até mesmo quando alguém está mentindo ou tentando omitir alguma informação...
No dia em que a foto foi tomada, um domingo, a professora-deputada perambulava por semáforos de Aracaju junto com “militantes sociais e companheiros do mandato...”, numa “campanha de combate à violência contra a mulher”, segundo o texto da assessoria. Não apenas Ana Lúcia Menezes, mas quase todos os integrantes da equipe estavam sem o vermelho tradicional. Por quê?
Tudo indica, numa associação com a neurolinguística, possa a linguagem corporal suscitar como razão primeva o desejo – talvez até inconsciente – de evitar que aquela ação fosse confundida pela população como “partidária”, “do PT”, ou mesmo a tentativa consciente de evitar agregar àquela causa meritória o desgaste político do governo Marcelo Déda, cujo vermelho é a cor-símbolo. Por outro lado, ao deparar-me com a foto e os comentários elogiosos a Ana Lúcia Menezes, não pude evitar o sarcasmo de provocar os brios da turma de contendores e disse: “Bem que a professora Ana Lúcia Vieira – nome usado por Ana Lúcia Menezes no Facebook, não me pergunte porquê – poderia ter o mesmo desprendimento na luta para melhorar a qualidade do ensino público nas escolas estaduais administradas pelo seu partido, o PT. Seria pedir demais? Bom dia...”
A resposta da professora-deputada não tardou a vir: “Caro David Leite, essa é a luta que também venho travando, se acompanhar meus pronunciamentos na Assembleia Legislativa verá que tenho apresentado dados socio educacionais dos municípios apontando as fragilidades, e também as possíveis soluções. Tenho feito pesquisas, e mostro aos colegas parlamentares os programas educacionais que estão finaciando as escolas, o mau uso dos recursos. Vou as escolas ouvir as reivindicações dos trabalhadores/as e através disso faço indicações de reformas.”
Não vou comentar a sintática mal-ajambrada, pois sempre prefiro discutir ideias... Então, fui ao sítio de Ana Lúcia Menezes na internet e lá, de fato, constam pesquisas sobre o tipo de ensino ministrado por prefeituras não administradas pelo PT e muita, muita loa sobre “piso da categoria”, “luta da categoria”, “manifestação da categoria” – e nada, nem uma vírgula que seja sobre um plano, um projeto da deputada para melhorar a educação pública em Sergipe.
Os petistas sempre se ocuparam mais do ataque aos poderosos de plantão – quando eram oposição, obviamente – do que com discussões sérias. Encaminhei em meados de novembro passado dois estudos que poderiam ajudar a professora-deputada a basificar a luta pela implantação de um programa de Qualidade Total nas escolas públicas (veja títulos abaixo). Se leu o material, nunca disse e, convenhamos, em mais de 20 anos de movimento sindical dos educadores, Ana Lúcia Menezes e sua turma foram competentes até demais em ajudar a atrasar a educação. Fosse com greves, paralisações pontuais ou simples sabotagens – usar a sala de aula como palanque para promover o PT e seus candidatos foi o mínimo!
É com esse espírito que se deparam agora aqueles que veem os sindicalistas da educação filiados ao PT metidos com toda sorte de manifestações “engajadas” – o tal do “politicamente correto” –, menos a que mais interessa ao País e a Sergipe, em particular: fazer da educação pública a justa porta de entrada para a ascensão social e profissional por méritos próprios, apenas estudando!
Seria pedir demais?
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ESCOLAS CHARTER NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DE PERNAMBUCO (http://ww2.itau.com.br/itausocial2/biblioteca/BibliotecaInterna.aspx?idBiblioteca=210)
Além destes dois trabalhos, recomendo ainda que a professora Ana Lúcia Menezes e sua turma se detenham, se não for muito incômodo, na leitura de dois outros documentos que li neste final de semana e retomam o tema da qualidade do ensino e a importância do ensino em tempo integral, cujo propósito não é defendido pelo Sintese pois, ao que sugerem as manifestações do sindicato, acarretaria em mais “trabalho” para os sofridos professores da rede estadual...
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA ESCOLA INTEGRADA DA PREFEITURA DE BELO HORIZONTE (http://ww2.itau.com.br/itausocial2/biblioteca/BibliotecaInterna.aspx?idBiblioteca=20)
THE ECONOMIC IMPORTANCE OF SCHOOL QUALITY - WITH LESSONS FOR BRAZIL (http://ww2.itau.com.br/itausocial2/biblioteca/BibliotecaInterna.aspx?idBiblioteca=69)

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