Terça-feira, 07 de Fevereiro de 2012 | 11h50 | Arte & Cultura
...
Marcelo Déda, o novo acadêmico?
...
Palavras sábias de um colega das letras: “O que já é ruim tem tudo para piorar!” O imortal Luiz Eduardo Costa informou no repasto que escreve aos domingos (5/02) no Jornal do DÉDA – opa, Jornal do DIA – que, morto o acadêmico Seixas Dória, ventila-se a possibilidade de entregar a cadeira dele na Academia Sergipana de Letras a ninguém menos que o governador Marcelo Déda.
Não se trata de piada... Segundo LEC, haveria “um forte movimento” entre acadêmicos para, imaginem os senhores, “convencer” o governador a ser o substituto do ex-governador. Alega a turba lisonjeadora, “só um grande tribuno, intelectual, partícipe dos mesmos sonhos e também governador” estaria credenciado a sentar na cadeira que foi do mito Seixas Dória. Santa bajulação!
Diante da lambança, não havendo escrito nem meia linha com o fito de torná-la literária, certamente o intelectuoso Marcelo Déda haverá de declinar do “convite”, sob pena de referendar a sabujice caquética de parte da ASL – não creio haver consenso entre os acadêmicos acerca da inconveniente indicação –, uma casa cujo poder de transformar água em vinagre já não mais surpreende...
Lisonjeador extraoficial de Marcelo Déda desde as primeiras horas, jornalista e secretário do governador, Luiz Eduardo Costa seria o “valete” a conspurcar tal firula, a fim de afagar com requintes de literatice o ego do próprio chefe. Há, no entanto, que manter-se calmo... “Eu, réu sem crime” evidencia não existir comparativo entre o “homo-literatus” que se foi e o que (para sofrimento de parcela relevante da patuleia) ainda “governa”!
Não comungo com os áulicos oportunistas, essa corja aboletada a soldo estatal na imprensa, cujo adorno efusivo aos feitos políticos e administrativos de Seixas Dória o eleva ao Panteão dos “Heróis de Sergipe” – tenho minhas dúvidas também sobre o espírito democrático do douto falecido. Mas ele, pelo menos, construiu uma carreira prolífica nas letras, que o credenciou à imortalidade.
Enfim, uma Academia Sergipana de Letras já falida de nomes com respaldo nas artes e nas culturas que deveria premiar, tenderia a ficar muito pior, caso venha nela abundar-se Sua Excelência, o iminentemente loquaz Marcelo Déda. Que o governador ouça, pelo menos uma única vez, a voz da decência, para evitar pagar mais um fedido mico. 

Nenhum comentário: