Terça-feira, 15 de Setembro de 2009 – 00h05

Leia Nesta Edição:

>>Nota de Resignação

>>Alguns Importantes Esclarecimentos

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Nota de Resignação

Respeitável público,

Sinceramente comovido com os inúmeros protestos recebidos, questionando meu escrito “A Velha Dorminhoca da Palestra de João Alves Filho e a Vagabundagem Insossa do Palhaço Cláudio Nunes” (vide edição anterior), sobretudo o singelo desagravo do deputado Professor Wanderlê proferido ontem na Assembléia e a nota de repúdio a mim encaminhada pela Aprovase, venho a público desculpar-me por qualquer embaraço causado pela minha análise do procedimento ético do jornalista Cláudio Nunes (Portal Infonet).

Disse o deputado aos colegas de legislativo: “Uma matéria como a de David Leite não pega bem. Cláudio Nunes não é palhaço. É sim um jornalista competente, que faz críticas tanto contra quanto a favor do Governo”. O nobre parlamentar não perdeu a oportunidade de trazer João Alves Filho ao debate: “Se ele está tão bem nas pesquisas, não precisa agredir o governador, o prefeito e agora o jornalista Cláudio Nunes”.

Já a indignada nota da Aprovase (Associação dos Profissionais da Vagabundagem de Sergipe) questionou o “uso indevido” do termo vagabundagem: “Trata-se de nomenclatura de uso restrito dos membros remidos desta associação, sendo vedada sua utilização para quaisquer outros fins, lícitos ou não, pelo que solicitamos a devida reparação na forma da Lei”.

Para minha sorte, a representação dos palhaços, pelo menos até agora, não se manifestou –apenas alguns governistas tirados a engraçadinhos fizeram comentários chulos enviados ao meu e-mail. De antemão, diante das palavras do preclaro deputado e da nota de repúdio da Aprovase, ajuízo minhas profundas desculpas, porquanto não poderia jamais comparar o jornalista Cláudio Nunes aos palhaços nem muito menos aos profissionais da vagabundagem de Sergipe...

Ouça o deputado Professor Wanderlê atacando este escrevinhador e defendendo a beldade ética de Cláudio Nunes.
Em seguida, ouça a réplica do vice-líder da oposição, deputado Augusto Bezerra (clique > abaixo / Tempo total: 8' +/-).

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Alguns Importantes Esclarecimentos

O discurso do Professor Wanderlê em defesa de Cláudio Nunes apenas reafirma o relacionamento incestuoso do governo Marcelo Déda com setores da imprensa de Sergipe. Há um evidente rito de reciprocidade. Vejamos: Cláudio Nunes ataca João Alves Filho, principal adversário do governador-candidato Marcelo Déda, líder político do deputado Professor Wanderlê, que defende Cláudio Nunes, que ataca João Alves Filho em benefício de Marcelo Déda.

Quem acompanha meus escritos e conhece minha personalidade sabe muito bem que jamais aceitaria ser teleguiado, ao contrário de Cláudio Nunes e de dezenas de outros jornalistas pagos com dinheiro público para meter o sarrafo no incômodo adversário de Marcelo Déda, e resguardar silêncio cúmplice sobre a profusão de irregularidades do governo da mudança para pior. Absolutamente ninguém, a não ser eu mesmo, deve ser responsabilizado por qualquer opinião aqui emitida.

Por outro turno, a linguagem usada por mim não é menos virulenta que as ações empreendidas por Marcelo Déda e aliados. O deputado Jackson Barreto, por exemplo, dispensa apresentação. O homem do facão, deputado Francisco Gualberto, é outro cujo diálogo, digamos assim, é bastante afiado. Semana passada, a deputada Gorete Reis foi à tribuna pedir mais consideração do colega, que acusou os membros dos partidos de oposição de “entreguistas manhosos, praticantes do crime de lesa-pátria”.

Rogério Carvalho impediu o presidente do Conselho Regional de Medicina de fazer uma vistoria legal nas operações técnicas e nas condições sanitárias do Hospital João Alves –rebatizado Huse mas não abuse, porque não aguenta. Médicos foram e são impedidos de entrar em hospitais estaduais para atender seus pacientes.

Benedito Figueiredo agrediu a malandragem ao fazer de bobo os defensores públicos, subjugados também pela proibição de atender os detentos pobres dentro dos presídios sergipanos. Os presos somente puderam voltar a conversar com seus advogados depois da intervenção da Justiça.

Gaiatos ainda “desconhecidos” gravaram uma reunião entre a cúpula da Secretaria de Educação e a comissão dos representantes sindicais. Quando a gravação veio a público, cinicamente foi dito que não houve dolo, visto que as discussões não eram secretas. O fito de pressionar a categoria, real motivo para a gravação, foi simplesmente esquecido.

Policiais militares cujas mulheres protestaram com panelas em frente ao Palácio do Governo foram “convidados” para uma conversa com os superiores. Alguns mais ousados receberam cadeia como punição. Já os líderes do movimento sindical dos PMs foram ameaçados com prisão em quarteis da Bahia. Marcelo Déda só desistiu da ideia depois de compreender as sérias implicações políticas e sociais do que estava por fazer.

Não devemos esquecer os graves ataques contra outros sindicalistas, notadamente os professores, acusados pelo governador de conspirarem contra o projeto de mudança. Greves foram contestadas na Justiça e a máquina governamental foi usada para desmoralizar e pressionar sindicalistas. O objetivo era colocar a população contra a categoria.

Outro exemplo a denotar a virulência de Marcelo Déda e seus asseclas contra adversários ocorreu faz pouco tempo. O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, mandou arrancar faixas de rua em homenagem ao ex-secretário Nilson Lima (Fazenda) no lançamento da pré-candidatura deste ao governo. Não satisfeito, na mesma noite foi com o chefe ao restaurante onde o ex-secretário se confraternizava com correligionários e armou o maior barraco.

Exemplos dos meios e dos termos sórdidos empregados pelos governistas para intimidar e desmoralizar adversários são infindáveis. Encheriam uma fossa inteira. Mas por que cansar a audiência com tantos escatológicos dejetos?

Em meio ao imenso barulho provocado pelos meus escritos, a picuinha acaba prevalecendo sobre o essencial: a análise fria de como o governo da mudança para pior usa uma cambada de jornalistas pagos com o dinheiro do contribuinte para achacar qualquer um que possa minimamente atrapalhar o projeto de poder de Marcelo Déda. Contra esse fato não há argumentos, nobre deputado Professor Wanderlê.

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