Confissão de Culpa Estampada
O petismo de carteirinha, leitor destes escritos, está em polvorosas por conta da grave denúncia publicada aqui na segunda-feira, quando apontei com provas inequívocas o uso da máquina do governo estadual na promoção da candidatura à reeleição de Marcelo Déda durante um comício disfarçado de evento governamental –leia sobre no último escrito, logo abaixo.
O próprio governo, quando deu publicidade ao “ato histórico”, com o objetivo de tentar reverter uma queda brusca da popularidade do governador das mudanças para pior na Grande Aracaju e nas maiores cidades do interior, conforme recentes pesquisas, produziu as provas incriminadoras.
Fato incontestável: os elementos característicos dos palanques eleitorais estavam presentes ao “ato histórico” de sexta-feira (bandeiras, charanga, faixas de apoio aos candidatos, ônibus para o transporte de pessoal e lanche, palco caracterizado e com som profissional e telão, banners e balões com as marcas do candidato, panfletaria...).
Detalhe surreal, notadamente o mais afrontoso: a quase totalidade dos presentes ao “ato histórico”, importados de cidades do alto sertão de Sergipe, recebeu camisas promocionais com um coração estampado, símbolo gráfico usado por Marcelo Déda na campanha eleitoral de 2006 e depois transformado em logomarca do governo –os bonés foram distribuídos pelo MST com verba do governo federal.
Na foto abaixo, vê-se o momento em que o governador entrega o título de propriedade à trabalhadora rural Maria da Anunciação durante o megacomício da Praça Fausto Cardoso. A beneficiada está fardada com uma dos milhares de camisas promocionais distribuídas antecipadamente e durante o “ato histórico” aos agricultores importados do interior para servir de plateia. No detalhe, o símbolo da campanha eleitoral de Marcelo Déda volta a ser usado. Agora com uma frase de efeito: “O governo trabalha (sic), o campo cresce e nossa vida melhora”.
Já na reprodução abaixo, gerada a partir do blog da Secretaria Estadual de Comunicação (http://esergipe.wordpress.com), fica confirmada a afirmação de Déda no seu primeiro programa de rádio (leia sobre o assunto no escrito anterior, logo abaixo), de que “cerca de dez mil pessoas” participaram do “ato histórico”, “em sua maioria agricultores”...
Se os números são verdadeiros, o intuito do “ato histórico” fica bastante claro. Marcelo Déda usou os agricultores como “massa de manobra”, como figuração de um megacomício, para impressionar o eleitorado de Aracaju e mostrar serviço –o alvo não era de fato os sertanejos, porquanto se assim o fosse o evento teria ocorrido num município do sertão. Ou seja: o “governo não está parado, como acusa a oposição”. E a melhor prova são as novas promessas feitas em palanque.
O governador prometeu, por exemplo, criar a versão estadual do “Bolsa Família”, para doar R$ 190 mensais a 10 mil famílias de trabalhadores desempregados durante quatro meses do ano. O período correspondente à entressafra. Quem já recebe o “Bolsa Família” não terá problema, pois a renda será acrescida ao benefício pago pelo governo federal.
Como ocorre no programa de Lula da Silva, Marcelo Déda não vai exigir qualquer contrapartida aos beneficiados. Sendo mais claro: não se trata de um programa social com vistas a tirar o sertanejo da miséria. É apenas assistencialismo puro. Uma compra de votos institucionalizada. A almejada “aposentadoria” antecipada, cujo projeto chega à Assembléia Legislativa na próxima semana e vai consumir R$ 8 milhões já neste ano.
Da mesma forma como usou a máquina da Prefeitura de Aracaju para eleger-se governador sem qualquer constrangimento ou punição, pelo menos até agora, Marcelo Déda se acha no direito de abusar dos cofres estaduais para financiar o seu projeto de poder: a reeleição!
A menos que...
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