Terça-feira, 27.04.2008 – Ano II - Edição 268
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DUVIDAR É PRECISO
Algo não bate com a realidade. A pesquisa do Ibope de avaliação do governo Marcelo Déda destoa do noticiário. A aferição aponta o seguinte resultado: 47% acham o governo do PT ótimo e bom, 32% regular e 21% ruim e péssimo.
Os números são os maiores obtidos pela gestão de Marcelo Déda desde janeiro de 2006 – o Ibope fez três avaliações até agora. O interessante está nas reações antagônicas do povo diante do pesquisador do Ibope e quando conversa com jornalistas e radialistas.
Senão, vejamos: 61 mortes de crianças na Hildete Falcão sem qualquer explicação até hoje; epidemia de dengue, com mais de 20 mortes; hospital João Alves Filho em situação de penúria; fugas em presídios e delegacias; mais de 90 carros roubados apenas nos últimos cinco meses; mais de 420 ônibus assaltados em 2008 na Grande Aracaju, superando todos os casos registrados no ano passado; paralisação de serviços essenciais...
A pesquisa do Ibope revela uma anomalia passível de aprofundado estudo. O povo adora o governo do PT e confia plenamente em Marcelo Déda (63%). Mas não pára de reclamar da falta de governo nas emissoras de rádio e TV e nos jornais.
Pesquisas podem ser conduzidas ao gosto do freguês. Buscar a informação positiva onde ela está não significa necessariamente manipulação dos resultados. Pode ser este o caso da recente aferição feita pelo Ibope (apesar de o governo ter informado que ouviu 1.008 sergipanos entre 06 e 12 de maio).
Outra possível explicação para números tão alvissareiros está no bem sucedido projeto de usar a mídia para difundir propaganda enganosa. Os filmes sobre água e segurança veiculados em emissoras abertas e nas TVs a cabo são vergonhosamente mentirosos.
Apresentam, por exemplo, as adutoras do Alto Sertão e Sertaneja, obras projetadas e com financiamento contratado no ex-governo, como sendo de Marcelo Déda. Armas antigas são mostradas como novas; carros comprados no ex-governo e entregues somente no ano passado por força dos contratos são “idéias” do PT.
Quem está em casa vendo TV e não usa os serviços públicos – os da Saúde, especialmente – não se dá conta da real situação nos hospitais geridos ou mantidos pelo governo estadual. Tende a acreditar nos depoimentos da propaganda do governo.
Da mesma forma, quem não se locomove de ônibus e não passou pelo vexame de ser assaltado duas e até três vezes no mesmo trajeto, ao ouvir tantas “boas notícias” sobre a SSP se confunde. Tende a acreditar na informação massificada dez, vinte vezes ao dia. No noticiário a ação dos bandidos é vista apenas uma, duas vezes a cada dia.
Num ano eleitoral, quando perder a Prefeitura de Aracaju significa permitir aos adversários sonhar com 2010, Marcelo Déda faz do marketing a principal, senão a única ação plenamente real do governo das mudanças para pior...
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DUAS CARAS
Posando de bom moço, o governador Marcelo Déda disse na TV no exato dia da chegada do ex-governador João Alves Filho, após o indiciamento pelo MPF na Operação Navalha, que não opinaria sobre o caso. Mesmo indiciados, não havia ainda um julgamento final dos acusados. Por enquanto, até prova em contrário, na opinião dele eram inocentes – suspeitos, no máximo.
Já nos comícios, em cima dos palanques, o indefectível monarca que habita o ventre de Marcelo Déda surge rompante. Noite dessas, no Coqueiral, ao lado do deputado federal Jackson Barreto, o governador entregou-se por inteiro a baixaria.
Corroborando com os discursos de JB e de políticos do mesmo quilate moral, Marcelo Déda desferiu seguidos golpes contra a honra de João Alves Filho. De “suspeito”, o Negão passou a “ladrão do dinheiro público”, dentre outras interessantes definições na mesma linha, sempre abaixo da cintura.
A claque de servidores do governo e da prefeitura de Aracaju – era o lançamento de um programa de casas populares para favelados do governo federal, gerido por Edvaldo Nogueira – aplaudia a cada novo ataque.
Tal conduta, no entanto, não surpreende. O PT sempre foi o partido da algazarra. Depois de alçar à Presidência da República, especializou na produção e difusão de escandalosas espertezas e na perseguição abjeta dos adversários e desafetos.
Marcelo Déda sabe o que diz quando fala sobre estripulias...
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