Terça-feira, 20.05.08 - Ano II - Edição Número 265
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FALTOU ÓLEO DE PEROBA
A sexta-feira foi movimentada no Calçadão da Rua João Pessoa. A CUT fez manifestação de protesto pela passagem do primeiro aniversário da Operação “Navalha”, da Polícia Federal. A CUT está de bolsos cheios. Ganhou do governo Lula da Silva a parte de um quinhão de mais de R$ 100 milhões distribuídos de mão beijada às centrais sindicais somente neste ano. Dinheiro do vergonhoso Imposto Sindical, tributo descontado de todo trabalhador com carteira assinada, que deixou de ser “empecilho ao livre exercício da representação sindical”. Nascida das entranhas do PT no histórico Primeiro Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (28/08/1983, São Bernardo do Campo, SP), a CUT não tem moral para cobrar decência de ninguém. A CUT está embaraçada demais para poder pedir a punição dos responsáveis pelo “mensalão”, “dólares na cueca”, “dólares na mala”, “máfia dos Correios”, “quebra do sigilo do caseiro”, “máfia dos cartões corporativos”, “capina em terreno cimentado de postos de saúde”, “micareta picareta”, “mortes da Hildete Falcão”, “milhões em compras sem licitação”, “CPI da Deso”, “escândalo da merenda escolar”, “o descalabro da epidemia de dengue”... A Central Única dos Trabalhadores, na falta do que fazer depois de admitida no paraíso da finança fácil bancada com o suado dinheiro dos operários brasileiros, sai às ruas a cobrar do alheio o que não pode cobrar de si mesma nem dos companheiros do PT. Durante o ato de sexta-feira, a CUT distribuiu pizza, doce de leite e vinho (vagabundo). Faltou distribuir óleo de peroba... .
FALTA NOTÁVEL
Observou-se a ausência de algumas estrelas na manifestação de protesto da CUT na sexta-feira. O governador Marcelo Déda, por exemplo, deveria estar lá. Outro que não poderia ter faltado é o “número 02”, Belivaldo Chagas. Nem tampouco o presidente da Deso, Max Montalvão. Em 14/03/2007, conforme escuta telefônica gravada pela PF com autorização da Justiça, Belivaldo Chagas teria acertado o pagamento de duas faturas, cuja soma chegava a R$ 1,1 milhão, com o conselheiro-lobista do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Flávio Conceição. Em abril, uma repentina viagem do “número 01” pôs o comando do governo das mudanças para pior sob a tutela do vice-governador. Foi quando Max Montalvão teve a brilhante idéia de pagar, naturalmente por conta própria, R$ 600 mil reais à Construtora Gautama. Dias depois, a casa caiu. A Operação “Navalha” pegou todos de surpresa – ou quase todos! Marcelo Déda, para lavar as mãos, disse que Max Montalvão pagou “porque estava tudo correto”. Vem a oposição e sugere a CPI da Deso. A bancada comandada pelo líder governista Francisco Gualberto – outro eminente grupo ausente à manifestação da CUT – tem trabalhado contra a proposta. Na semana passada, o MPF (Ministério Público Federal) encaminhou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) denúncia contra 61 almas, acusadas de abusar do dinheiro público. Assim como esteve ausente na manifestação da CUT, o vice-governador sergipano também, inusitadamente, não estava entre os indiciados pelo MPF. Certamente os diálogos gravados pela PF, onde Belivaldo Chagas diz que já “conversou com o número 01!” e “está tudo ok!”, nem a consolidação posterior dos acertos através do pagamento à Gautama foram “evidências” relevantes para fazê-lo incluso. Homem de sorte o governador Marcelo Déda...

Um comentário:

Anônimo disse...

Existem muitos pontos questionáveis nesta denúncia. Você faria um grande trabalho jornalístico se destrinchassse eles. Desde o início. Desde o governo que assinou o contrato com a Gautama, os personagens que dele participaram e aparecem na denúncia, ou não aparecem. Até o que pagou os tais R$ 600 mil à desgraçada empresa. Enfim, fazer o leitor entender porque uns sim e outros não. Do jeito que está a denúncia, parece que as coisas começaram e terminaram em um só governo. Pelo que tenho visto não foi bem assim.