MARKETING DEFASADO
E CAMPANHA ODIOSA:
HENRI CLAY ANDRADE VENCE AS MÁQUINAS
Os advogados
sergipanos foram às urnas na sexta-feira (27), após um mês de
campanha eleitoral, da qual saiu vitorioso o candidato Henri Clay
Andrade, eleito presidente da OAB/SE para o próximo triênio
(2016/18). Foi uma campanha atípica – e virulenta –, marcada
pela atuação maciça dos três candidatos concorrentes nas
redes sociais da internet e na mídia tradicional.
São notórios os
erros da campanha da situação, derrotada por um punhado de votos –
181, de fato. Errou o comandante do processo, o presidente Carlos
Augusto Monteiro Nascimento, cuja condução da campanha o levou a
atos de insensatez, dentre os quais menosprezar o adversário e a
inteligência dos colegas – em alguns casos, publicamente.
O marqueteiro que
não gosta de ser chamado assim também errou. Fez “leitura
equivocada do processo político” – ou talvez não tenha tido
acesso a instrumentos como pesquisa eleitoral e monitoramento de
mídias sociais; ou teve e não soube lê-los.
Pior erro,
contudo, foi o cujo não ter compreendido o mecanismo de
funcionamento de uma eleição classista, com sutis diferenças entre
campanhas envolvendo partidos políticos e a população em geral.
Errou na mão, na dose do tempero. Salgou…
Quanto ao
presidente, ficou evidente o estilo odioso imprimido à campanha. A
candidata Rose Morais até tentou passar ao público certa fleuma e,
quando pode, a sensação de ser “vítima” dos adversários, às
vezes transparecendo sua “condição” de mulher. Porém,
mostrou-se tão belicosa quanto o padrinho, o que contribuiu para
aumentar a rejeição de ambos junto aos colegas.
O marqueteiro
imbatível, por seu turno, fez campanha ao seu estilo barroco. Usou
expedientes surrados, como tentar detratar adversários pela via do
humor rasteiro e diálogos já há muito batidos. Tentou
“sensibilizar” a audiência através de peças publicitárias
cavernosas, com voz gutural... O ápice foi utilizar imagens da
campanha eleitoral de Jackson Barreto em 2014 e músicas sem licença
autoral. Equivocou-se, sobremodo, quanto à natureza do público com
o qual tentava interagir.
Ao que tudo
indica, sendo esta uma campanha focada nas redes sociais da internet,
o marqueteiro não fez uso de ferramentas de monitoramento e de
gerenciamento de mídias sociais (vide gráficos). É até pitoresco
não ter ele “percebido” detalhes cruciais às plataformas da
internet, o que beira o quase amadorismo. Não tem lógica insistir
em materiais cujo “sentimento” nas redes era negativo, só se
ignorasse esse tal “feeling”. Talvez tenha a estratégia sido
contaminada pelos “resultados” vistos nas próprias postagens, o
que seria o fim da picada, uma ironia para uma campanha tão
poderosa.
Errar é humano,
sim, no entanto a turma derrotada errou demais. Foi além dos
limites. Parecia tonta no meio de campo. Deu à oposição uma
vitória histórica contra uma máquina poderosa, reforçada ainda
pela estrutura do governo e sua influência nos meios de comunicação.
Em 80 anos de história da OAB/SE, é a primeira vez que a oposição
derrota o poder de plantão. Como disse um colega jornalista, “fosse
Henri Clay Andrade um pouco mais sátiro, deveria mandar fazer uma
estátua (de Carlos Augusto Monteiro Nascimento) em agradecimento
pela tragédia a que levou a sua candidata Rose Morais”.
Ao todo, 5630
advogados estavam aptos a votar. De acordo com a Comissão Eleitoral
da OAB/SE, Henri Clay Andrade obteve 1861 votos, Rose Morais 1743 e
Emanuel Cacho 398 votos.
Henri Clay Andrade
fez um resumo da eleição: “Ganhamos com o braço, na raça,
contra tudo e contra todos, pois nós queremos uma OAB independente e
que não se ajoelhe para os poderosos. Vamos defender a sociedade e a
advocacia”. Eis, pois...
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